Em uma clara ação de cerceamento do direito de escolha e organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras, a atual direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Frigoríficas de Abate de Bovinos do Portal da Amazônia (Sintracal), filiado à Nova Central de Trabalhadores e Trabalhadoras (NCST), tentou incriminar uma trabalhadora que concorre à eleição para a direção do sindicato em uma chapa apoiada pela CUT.
Sonia Regina da Silva, trabalhadora da JBS, candidata à presidenta, colhia assinaturas de trabalhadores na unidade da JBS em Alta Floresta (MT) para a realização de uma assembleia que decidiria os rumos das eleições do sindicato.
Por meio de seu advogado, o atual presidente do sindicato, José Evandro Navarro, denunciou a trabalhadora como se ela estivesse colhendo assinaturas em uma lista de presença de assembleia. O intuito era acusá-la de fraude e falsidade ideológica por ter colhido as assinaturas com caráter diferente de convocação.
A polícia foi chamada e teve início uma ação que resultou na prisão de Sonia e outros sindicalistas, por aproximadamente oito horas, nesta quarta-feira (23).
De acordo com a sindicalista, o delegado Dr. Vinicius Nazari, foi até a fábrica, acompanhando de outros dois policiais e houve uma busca coercitiva do tal documento que Navarro alegava ser a lista de presença de uma assembleia ainda não realizada.
“Moro há 43 anos na cidade. Desde o momento em que o delegado me abordou, tentando me amedrontar com sua autoridade, me questionando, revistando, atrás da lista, eu senti medo”, conta Sonia.
Ela relata que outros companheiros foram presos apenas por questionar a legalidade da operação, sem mandado, já que o delegado quis inclusive invadir sua residência em busca da suposta lista.
Após atuação dos advogados da CUT e da Confederação dos Trabalhadores na Industria da Alimentação (Contac-CUT), entidade que também apoia a chapa, ficou provada a ‘imaterialidade do caso’, ou seja, não há provas de que a lista exista.
Eleição no sindicato
De acordo com o presidente da CUT Mato Grosso, Henrique Lopes, o mandato da atual gestão já terminou e a direção do sindicato deu andamento a um processo eletivo eletrônico com dirigentes indo ao chão de fábrica colhendo dos trabalhadores os votos por meio do site da entidade.
Como o processo não está previsto no estatuto do sindicato, representantes da chapa contrária entraram com uma ação contra a votação. A Justiça, além de declarar nulo o processo eletivo, determinou que fosse estabelecida uma junta governativa para administrar a entidade até que sejam feitas eleições de acordo com o estatuto, ou seja, por meio de cédulas.
“A ação da atual gestão foi de total desrespeito com o processo democrático. Uma tentativa dos patrões de intervir na organização dos trabalhadores e um alinhamento do presidente do do sindicato com os patrões. É lamentável”, diz Henrique.
Ainda de acordo com o presidente da CUT Mato Grosso, tanto o Navarro como Nazari, presidente do sindicato e o delegado, respectivamente, são declaradamente apoiadores de Bolsonaro. Navarro é presidente do Podemos na cidade, partido pelo qual Nazari foi candidato a prefeito nas últimas eleições.
Fonte: CUT
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