PUBLICADO EM 02 de out de 2024
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Sete anos depois, reforma trabalhista é reconhecida como precarizante

Reforma trabalhista: depois de sete anos avaliação é que precarizou o trabalho

Reforma trabalhista: depois de sete anos avaliação é que precarizou o trabalho

Por Raimundo Simão de Melo

A reforma trabalhista de 2017, feita sob fundamentos de modernizar as relações de trabalho e criar seis milhões de empregos, trouxe importantes alterações no mundo do trabalho, inclusive no tocante às normas de saúde e segurança do trabalho, reduzindo, neste particular, parâmetros protetivos em relação à saúde e segurança dos trabalhadores. Vários foram os aspectos da reforma com impactos no mundo do trabalho.

A verdade é que a reforma trabalhista de 2017 não beneficiou os trabalhadores, mas os empregadores, como se reconhece depois de sete anos. Concluiu pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV–Ibre) que a maioria das vagas criadas desde a reforma trabalhista de 2017 foram precárias. Entre julho de 2017 e junho deste ano, os autônomos passaram de 21,7 milhões para 25,4 milhões, crescimento de 17%.

“A saída de crise foram essas pessoas que migraram para a informalidade por alguma necessidade, não por desejo”, diz Rodolpho Tobler, pesquisador da FGV/Ibre, responsável pelo levantamento. “Esses autônomos com renda mais baixa preferem ter carteira assinada e benefícios sociais, o que o terceirizado não tem.”

As empresas se beneficiaram porque “ao enfraquecer sindicatos, limitar o acesso à Justiça e permitir que os empregadores negociem sem os sindicatos, a reforma desequilibrou as forças e aprofundou a desorganização do mercado de trabalho”, diz o professor de economia da Unicamp José Dari Krein, doutor em economia social do trabalho. “Em um mercado mais vulnerável, crescem os contratos de tempo parcial e o trabalho por conta própria.”

A piora das vagas com CLT também empurrou mais gente para a informalidade. “Uma parte das pessoas vai trabalhar por conta porque os empregos com carteira pagam mal e a reforma ainda flexibilizou os direitos oferecidos por ela”, diz o professor José Dari Krein.

São exemplos precarizantes trazidos pela reforma trabalhista de 2017, entre outros: a) o negociado sobre o legislado; b) o trabalho de grávidas e lactantes em ambientes insalubres; c) a redução do intervalo para refeição e descanso; d) as jornadas de 12 horas seguidas por 36 horas de descanso; e) a prestação de serviços a terceiros e o teletrabalho; f) a higienização dos uniformes de trabalho; g) a extinção da contribuição sindical sem qualquer outra forma de substituição do custeio das atividades sindicais.

Cortes, desemprego e recessão

No pós-reforma a população brasileira sentiu importantes cortes em investimentos em programas sociais, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e o Programa Universidade para Todos (ProUni), assombrando também a população brasileira o crescimento da fome no país, além da aprovação de um teto para investimentos públicos por 20 anos, o que gerou, nos dois anos pós-reforma, queda de 3,1% nos investimentos do governo federal em saúde e educação.

Como sabido, houve mesmo período conturbado depois da reforma trabalhista de 2017, com o desemprego nas alturas, a consolidação da precarização do trabalho, inclusive com aumento dos “empregos intermitentes” e a economia, que permaneceu em recessão. Os sindicatos, sem custeio para suas atividades, enfraqueceram-se de vez nas negociações coletivas, inclusive diante do negociado sobre o legislado, cujo objetivo não foi adicionar melhores condições de trabalho, como sempre ocorreu, mas, retirar e diminuir direitos conquistados ao longo dos anos.

O desemprego passou de 11,2% em maio de 2016 para 13,1% em abril de 2018, chegando a 11,7% no trimestre fechado em outubro de 2018, atingindo 12,8 milhões de brasileiros desempregados em dezembro de 2018.

Lição

A queda do desemprego de 12,8% para 6,9% – A taxa de desemprego caiu para 6,9% no segundo trimestre de 2024, conforme apontam dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – acesso em 16/09/2024) somente ocorreu após a implementação de investimentos públicos, políticas de inclusão social, redistribuição de renda e estímulos ao consumo, embora, incrivelmente ainda há quem atribua a retomada de empregos no Brasil de hoje à reforma trabalhista de 2017, como o fez de forma inacreditável editorial do jornal O Globo, de 15/9/2024.

Mais uma vez, portanto, fica a lição: não é com lei retirando e diminuindo direitos trabalhistas que se aquece a economia e cria empregos. O aumento de empregos depende mesmo é do crescimento da economia com investimentos, políticas públicas e aumento do consumo das famílias, inclusive de baixa renda. Para Rodolfo Margato, vice-presidente de pesquisa econômica da XP Investimentos, o mercado de trabalho aquecido – com desemprego em baixa e renda em alta – é o principal motivo por trás do bom desempenho do setor de serviços e do consumo das famílias no segundo trimestre.

Raimundo Simão de Melo é consultor jurídico, advogado, procurador Regional do Trabalho aposentado, doutor e mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP, professor titular do Centro Universitário UDF e membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho, autor do livro Direito Ambiental do Trabalho e a Saúde do Trabalhador, entre outros.

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

  • Batata Tavares

    Besteira. A Reforma foi boa. E precisamos de mais reformas para acabar com tantos entraves.

  • Alexandre Batista

    Os grandes empresários oferecendo salário mínimo, e ticket de refeição muitas vezes nem tem e quando tem bem abaixo o valor .

  • Alexandre Batista

    Os empresários abutres estão tirando os direitos dos trabalhadores e salários mínimo nas entrevistas de emprego.

  • MOREIRA

    Então,os governos não governam pras grandes massas ,e sim ,pra uma minoria que tem quase tudo em abundância, quando querem fazer alguma coisa ,o primeiro lugar que vão são nos trabalhadores, retirar direito de quem já tem tão pouco
    A história do menos direito e mais emprego foi a maior balela que ouvi até hj,mas não poderia ser diferente já que ,as pessoas que votam essas leis no senado e Câmara dos deputados são na maioria patrões
    O negócio é mais diretos e mais empregos,se os sindicatos trabalharem certo ,fizerem sua parte com decência e honestidade,sem querer trabalhar em sociedade com o trabalhador e fazer valer os descontos que as vezes nos é empurrado goela abaixo,as coisas podem começar a dar certo nesse país
    Empresários,sua empresa só vai ter um crescimento cem por cento real,quando vc entender que seu maior patrimônio são seus colaboradores,quando vc deixar de ve-los como inimigos pode crer que sua produção quase triplicara

  • Chirlene oliveira

    Concordo plenamente com o que foi colocado! Só beneficia o empregador. Exploração e retiradas de direito do trabalhador, isso é bom para que tipo de sociedade?? Consciência de classe ler o CAPITAL DE KARL MARX, é um dever para esse povo que vota naqueles que irão retirar os seus parcos direitos!

  • Rildo Garci

    Raimundo Simão, me parece um alienado e incapaz de enchegar um palmo diante do seu nariz. O mundo do trabalho mudou e o Brasil não precisa viver nos anos 50 para sempre.

  • LAURO CHRISTIANO SCHMIDT FILHO

    Em ações trabalhistas que chegam ao STF oi empresários sempre sao favorecidos. Vide tema de pejotizacao

  • JOSE ALBERTO BARRETO NASCIMENTO

    O mercado do trabalho seguem conforme o ritmo da economia, a reforma contribuiu e muito para a geração de emprego, sem a reforma o índice de desemprego seria maior.

  • Arlindo jacinto Pereira

    Foi um porcaria este reforma, este temer com o bozó, só quiz ferra o trabalhador

  • Paulo

    Cortar direitos do trabalhador que foram conseguidos com muito trabalho, mediante ameaças, assedio moral e outras coisas piores, numa simples canetada na madrugada, mostra que o trabalhador não avançou nada dentro do contexto laboral.

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