PUBLICADO EM 11 de fev de 2019
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Sem trabalhadores, não adianta frente parlamentar portuária, diz sindicalista

“Os trabalhadores não podem mais ficar a mercê de políticos que, em todo início de mandato, se propõem a lutar por nós, mas que depois desistem por causa de interesses partidários”.

As palavras são do presidente do sindicato dos operários portuários de Santos (Sintraport), Claudiomiro Machado ‘Miro’, ditas em reunião com parlamentares, na manhã desta sexta-feira (8).
Diante da deputada federal Rosana Valle (PSB-SP), do deputado estadual Caio França (PSB) e do vice-prefeito de Santos, Sandoval Soares (PSB), o sindicalista foi bastante crítico.
“Sem desmerecer o interesse de vocês por nossos anseios”, disse Miro, “a verdade é que, ao longo dos 28 anos em que estou no porto, sempre vi as coisas acontecerem dessa maneira”.
“Parece ser uma briga para ver quem fica com a classificação de melhor deputado, melhor senador, melhor partido, enquanto os trabalhadores apenas assistem, mas sem poder participar”, disparou.
Miro citou que a reunião, no sindicato dos empregados na administração portuária (Sindaport), proposta pelos parlamentares, seria sucedida por outra, à tarde, convocada por outro deputado federal.
De fato, às 15 horas, os sindicalistas de todos os segmentos portuários, que haviam participado da reunião com Rosana, Caio e Sandoval, se reuniram com o deputado Júnior Bozella (PSL-SP).

Pais ou padrastos?
“No começo, todos querem ser o pai e a mãe da criança. Se ela for feia, viram padrastos e madrastas. No final, se a criança ficar horrível, simplesmente é abandonada por todos”, satirizou o sindicalista.
Nesses casos, segundo Miro, “a paternidade acaba sobrando para os trabalhadores e seus sindicatos, que ficam sozinhos na luta e, pior, tomando pancada da polícia”.
O presidente do Sintraport lembrou que, em março de 2017, ele, outros sindicalistas e trabalhadores de base foram violentamente agredidos pela polícia militar, sem que nenhum politico interviesse.
“Apanhamos muito do batalhão de ações especiais (baep) da ‘pm’ e um político, neste momento aqui presente na plateia, disse na oportunidade que tínhamos mesmo que apanhar”.
“A violência ocorreu quando protestávamos contra as reformas trabalhista e previdenciária. E a trabalhista foi aprovada, naquele ano, pelos três deputados federais da nossa região”, reclamou Miro.
Nas duas reuniões desta sexta-feira, ele agradeceu aos parlamentares pelo empenho, mas ressaltou que “a vitória dos trabalhadores virá das lutas sindicais”.

Na terça, em Brasília
Na terça-feira (12), Miro e outros sindicalistas participarão, em Brasília, da primeira reunião da ‘frente parlamentar mista para o futuro do porto’, proposta por Rosana Valle.
“Vamos lá, para depois não dizerem que não colaboramos”, finaliza o sindicalista. “Mas uma coisa é certa: os trabalhadores só vencerão qualquer luta principalmente por seus próprios meios”.

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