São Paulo – Em toda eleição a saúde é objeto de promessas e debates, mas continua como um dos temas mais problemáticos na gestão pública. Os governos estaduais são responsáveis pelo atendimento secundário (atendimento especializado e apoio diagnóstico e terapêutico) e de alta complexidade (hospitais gerais), além da distribuição de medicamentos de alto custo e do apoio aos municípios na implementação de suas redes de saúde. Para isso, o governador deve gastar, no mínimo, 12% do orçamento anual nesta área.
O conselheiro estadual da Saúde Mauri Bezerra dos Santos Filho defende que o próximo governante deve se empenhar em apoiar os municípios na implementação de serviços de atenção básica e composição de equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). “Hoje, um dos maiores gargalos que temos é na atenção básica das cidades do interior. É um atendimento fundamental, que atua prevenção dos problemas e reduz os gastos com saúde, mas que muitas cidades não dão conta de realizar sozinhas”, afirmou.
Outra ação que os candidatos deveriam focar é a implementação de serviços de atendimento ambulatorial, de forma a desafogar os hospitais gerais e regionais. “Muitas vezes as pessoas acabam indo para um grande hospital por um problema simples, que poderia ser resolvido com atendimento ambulatorial. É muito importante que o governo estadual atue apoiando os municípios financeiramente na constituição desse serviço, de forma que você desafoga os grandes hospitais e coloca a unidade mais próxima da população”, explicou.
Em seus programas de governos, os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes fizeram extensas listas de ações para a saúde. A do candidato tucano João Doria, um dos herdeiros políticos do ex-governador e candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB), se pautou na “reciclagem” de propostas que apresentou quando candidato à prefeitura de São Paulo. Algumas que fracassaram, como o Corujão da Saúde. O programa do candidato já foi abordado em reportagem da RBA.
O candidato do PT, Luiz Marinho, defende reformular o atendimento especializado, reduzindo o tempo para consultas, exames e procedimentos. Também propõe, como defendido pelo conselheiro, o fortalecimento da ESF nos municípios e aumentar o piso salarial de todos os profissionais de atenção básica. Marinho defende ainda uma reestruturação da rede hospitalar, de forma a garantir atendimento de alta complexidade em todas as regiões do estado, e implementar ações com os municípios para redução da taxa de mortalidade infantil, da mortalidade materna e da taxa de cesáreas, inclusive em serviços privados.
O outro herdeiro político de Alckmin, o atual governador Márcio França (PSB), também propõe a ampliação da ESF e fala em ampliar a rede especializada de internação para tratamento de dependentes químicos, sem explicar se seriam serviços próprios ou comunidades terapêuticas. O socialista pretende manter o apoio financeiro aos hospitais filantrópicos e às Santas Casas de Misericórdia. E construir e reformar Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em parceira com os municípios.
Já o candidato do MDB, Paulo Skaf, pretende utilizar as farmácias da rede privada para distribuir medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), em proposta semelhante à de Doria quando prefeito, ideia que acabou descartada. Skaf também pretende aumentar o número de postos de distribuição de medicamentos de alto custo, mas não define em que proporção. Ele também pretende realizar mutirões de cirurgias e implementar o sistema de prontuário eletrônico, uma promessa recorrente de vários candidatos desde 2010, mas que até hoje não foi realizada. Esse sistema poderia ser consultado de qualquer unidade da rede.