A direção do sindicato dos 12 mil servidores de Santos e 6 mil aposentados aposta na reabertura das negociações salariais para a data-base, encerradas pela prefeitura na segunda-feira da semana passada (14).
O presidente da entidade (Sindest), Fábio Pimentel, espera que o prefeito Rogério Santos (PSDB) convoque e participe de reunião até o final da tarde de quinta-feira (24), quando haverá nova assembleia da categoria.
Na quinta-feira da semana passada (17), a assembleia recusou reajuste de 10,06% em fevereiro. A perda, em três anos sem reajuste, segundo o sindicalista, ultrapassa 20%.
Ausência do prefeito
Em programa ao vivo pelo Facebook e Youtube, na noite de segunda-feira (21), Fábio e três diretores do sindicato criticaram o prefeito por não ter participado de nenhuma negociação.
O presidente e o diretor de comunicação do Sindest, Daniel Gomes, comentaram que os prefeitos de Guarujá e Praia Grande, Válter Suman e Raquel Chini, ambos do PSDB, se reuniram com os sindicatos.
Em Santos, o prefeito delega poderes ao secretário de gestão, Rogério Custódio, que se intitula apenas mediador nas reuniões com o sindicato, sem poder de decisão.
Prefeito blindado
Fábio disse na ‘live’ que o prefeito “é blindado” e que “sua ausência acaba sendo uma demonstração de força sobre os mais fracos, que são os servidores. Não esperávamos isso dele”.
“Ele deveria sentar com os sindicatos nem que fosse para dizer que os servidores não merecem a recomposição das perdas inflacionárias, mesmo sendo linha de frente no combate à pandemia”, disse o sindicalista.
O presidente destacou que há servidores apoiando a aceitação da proposta, mesmo defasada, por se sentirem enfraquecidos diante do poder público municipal.
Rever a insanidade
“Mesmo assim, esperamos que ele negocie e proponha algo antes da assembleia. A perplexidade e decepção da categoria com sua administração é enorme”, disse o sindicalista.
Daniel Gomes, por sua vez, desabafou: “Não consigo acreditar que o prefeito esteja por trás disso. Espero que ele aproveite o fôlego, até a assembleia, para rever a insanidade”.
O sindicalista disse que Santos tem o terceiro ‘idh’ (índice de desenvolvimento humano) do estado paulista e o sexto do Brasil, mas lamentou que haja servidores em insegurança alimentar.
Gosta de terceirizar
O diretor Pedro da Matta disse que falta vontade política para o prefeito resolver o impasse e lembrou que a folha de pagamento da prefeitura corresponde a 43% do orçamento.
Segundo ele, a lei de responsabilidade fiscal estabelece que a folha pode chegar a 51% do orçamento. Disse ainda que há muitos servidores de nível universitário e que isso dá qualidade ao serviço público.
O diretor Carlinhos Nobre salientou que o PSDB “gosta de terceirizar e acaba gastando muito com isso, em vez de priorizar o serviço e o servidor público, cujo atendimento é superior ao da iniciativa privada”.
Carta aberta
“Até os veículos para remoções de pacientes são terceirizados. E o pior é que nem higienizados são, colocando em risco a saúde dos usuários. A verdade é que o prefeito não respeita os servidores”, disse Carlinhos.
No programa, os sindicalistas explicaram os pontos da carta aberta à população distribuída desde sábado (19) nas redes sociais e fisicamente, em papel, nos locais de trabalho.
O documento enumera os feitos da categoria durante a pandemia, principalmente nas áreas de saúde, educação, assistência social, segurança e obras. E lembra que servidores morreram de covid.