Apesar de indiretas, começam, nos próximos dias, as negociações da campanha salarial dos 12 mil servidores municipais estatutários e 4 mil aposentados de Santos, que têm data-base em fevereiro.
O presidente do sindicato Sindest, Fábio Pimentel, anunciou, em ‘live’ na noite de segunda-feira (22), que, nesta quinta (25), a diretoria terá reunião com a administração da Capep.
Em 1º de dezembro, a reunião será com a diretoria do Iprev. Capep é a caixa de assistência à saúde do servidor. Iprev é o instituto de previdência que passou por recente reforma prejudicial à categoria.
Assembleia em 6 de janeiro
Segundo Fábio, a pauta de 47 reivindicações da campanha salarial tem cláusulas referentes à caixa de saúde e ao instituto previdenciário e elas serão debatidas nas duas reuniões.
Sobre os demais pontos, entre eles a reposição de 23,38%, o sindicalista disse que o prefeito Rogério Pereira (PSDB) e seus secretários devem estar preparando a contraproposta.
O presidente do Sindest espera uma definição já nesta segunda quinzena de novembro ou na primeira de dezembro, pois está com assembleia marcada para 6 de janeiro.
Protesto em 12 de janeiro
O dirigente explicou que o sindicato pressiona a prefeitura por meio de material distribuído à categoria, nos locais de trabalho, alusivos ao movimento e ao protesto previsto para 12 de janeiro.
Na ‘live’, Fábio disse que espera não ser preciso o protesto, cujos detalhes serão discutidos na assembleia do dia 6, pois isso significaria a apresentação de contraproposta satisfatória.
Ele acha, porém, que é melhor se preparar para o pior, ou seja, uma resposta insatisfatória ou nula. “Já sofremos um golpe do prefeito anterior, que agora é pré-candidato a deputado federal”.
O golpista é Paulo Barbosa
O prefeito a que se refere é Paulo Barbosa (PSDB), que aplicou irregularmente a lei complementar (lc) 173-2020, de Jair Bolsonaro, de 27 de maio do ano passado, proibindo aumento salarial até dezembro de 2021.
Fábio pondera que Barbosa poderia ter reajustado os salários de 2021 porque a lei proíbe aumentos, mas não reajustes, e a data-base da categoria foi três meses antes da ‘lc’ 173.
O sindicalista está entusiasmado com o interesse do funcionalismo pelo movimento reivindicatório e disse que muitos têm procurado pelos materiais de divulgação da luta.
Três anos sem correção
Para ele, o principal produto de propaganda é um ‘bóton’ para uso nos locais de trabalho, mas há também faixas, cartazes, panfletos e adesivos, que começaram a ser distribuídos na semana passada.
A reposição de 23,38% corresponde a três índices inflacionários: 4,19%, 4,56% e 13,25%, referentes a 2020, 2021 e 2022. A pauta cobra cesta-básica de R$ 600, corrigida mensalmente.
Aprovada em assembleia no dia 27 de outubro, a lista inclui vale-refeição diário de R$ 35, totalizando R$ 1.050 no mês, e reivindicações específicas dos diversos segmentos do funcionalismo.
Nas ‘upas’, irregularidades
Na ‘live’, o diretor Carlos Nobre criticou a política de terceirizações da administração municipal. Disse que as unidades de pronto atendimento (Upas) escalam um médico e cobram por quatro ou cinco.
Carlinhos, como é conhecido, lembrou que o auxílio-alimentação de R$ 295 para os aposentados que recebem até três salários mínimos é conquista de campanha salarial anterior.
Ele disse que o sindicato reivindica sua extensão para todos os aposentados e pensionistas, ponderando que a categoria deve participar das atividades da luta.
‘Pec’ 32 paralisada
Fábio e a presidente do sindicato dos servidores municipais de Itapira, Cristina Gomes, falaram na ‘live’ sobre o movimento nacional contra a proposta de emenda constitucional (pec) 32-2020.
Também de autoria do governo federal, a ‘pec’ revoga direitos do funcionalismo municipal, estadual e federal, além de tornar mais precários os serviços públicos como os de saúde, educação e segurança.
Segundo eles, a tramitação da proposta está parada, na câmara federal, porque Bolsonaro não tem o número suficiente de deputados para aprová-la. Isso por conta da mobilização nacional da categoria.
A serviço dos capitalistas
Os sindicalistas explicaram que, nos aeroportos de todos os estados da federação e também em Brasília, os parlamentares são seguidamente abordados por militantes contrários à ‘pec’.
Fábio lembrou que os dois deputados federais de Santos e região, Bozzella Júnior (PSL) e Rosana Valle (PSB), já se colocaram contra a ‘pec’. “Mesmo assim, precisamos manter a mobilização”.
Cristina disse que a maioria dos deputados e senadores trabalha para o capital que, segundo ela, quer administrar os serviços públicos com as verbas do orçamento federal.