O Santander, que descumpriu acordo firmado entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de não demitir durante a pandemia do novo coronavírus, registrou um lucro gerencial de R$ 9,891 bilhões nos primeiros nove meses deste ano.
“Mesmo tendo arrancado bilhões de lucros dos brasileiros, o Santander demitiu 2.045 funcionários no Brasil entre o início de abril e o fim de setembro, os meses mais agudos da pandemia de Covid-19”, criticou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia.
A empresa encerrou o 3º trimestre com 45.147 empregados, representando um fechamento de 4.335 postos de trabalho em doze meses. Da mesma forma, foram fechadas 149 agências em doze meses, sendo 91, entre o início de abril e o final de setembro de 2020.
Enquanto fecha postos de trabalho e agência, banco divulga, nesta terça-feira (27), mostrando que teve lucro líquido societário de R$ 3,811 bilhões no terceiro trimestre – um salto de 88,2% em relação aos três meses anteriores.
No acumulado dos nove meses do ano, o lucro do Santander ainda segue em patamar abaixo do registrado em 2019, com um valor 7,9% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Já o lucro gerencial soma R$ 9,891 bilhões, uma queda de 8,6%.
Mario raia, que também é funcionário do Santander, chama a divulgação do resultado de “figurinha repetida”, em função da estratégia utilizada pela instituição.
“Já havíamos feito essa observação no trimestre passado, mas, como o banco insiste em utilizar uma manobra contábil para reduzir seus lucros, temos que ressaltar que, excluindo-se a Provisão de Devedores Duvidosos (PDD), o lucro seria de R$ 11,651 bilhões, o que corresponderia a uma alta de 7,6% no ano e de 0,2% em relação ao trimestre anterior”, observou.
Sem a PDD, a rentabilidade também aumentaria para 21,8%, com alta de 0,6 pontos percentuais. “A utilização da PDD é permitida pelo Banco Central. Não há ilegalidade nisto. Mas, dissemos que se trata de uma manobra porque a inadimplência está em queda. Ou seja, não se justifica uma PDD tão alta, tampouco seu crescimento. O banco deveria explicar, com transparência, essa provisão extraordinária, mesmo com a inadimplência em queda”, reforçou Mario.
O balanço do Santander diz que o Índice de Inadimplência superior a 90 dias ficou em 2,1%, o que significa uma queda de 0,9 pontos percentuais em doze meses. As provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD), por sua vez, subiram 39,2%, somando R$ 13,5 bilhões. Segundo o banco, essa elevação é decorrente da constituição de R$ 3,2 bilhões de despesa de provisão extraordinária.
Com informações da RBA
Fonte: Redação CUT
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