Por Marco Damiani no Brasil2pontos
O Brasil perdeu nesta madrugada Régis Savietto Frati, um quadro da democracia. Eu perdi meu capa-preta. A turma de Santos ganhou no céu o Reginha, que chega com suas gargalhadas e sua coragem. O movimento sindical, sem ele aqui entre nós, fica alijado de talvez seu melhor quadro pensador, um estrategista.
O Regis carregava na bagagem da memória, sempre acionada em alta velocidade, a vasta experiência de convívio entre os maiores e melhores quadros do bom e velho partidão, o PCB de craques estudiosos e valentes, de lastro intelectual e ação prática, no qual ele chegou ao respeitado Comitê Central. Uma militância iniciada nos anos 1960, acentuada nas décadas seguintes, que se deu até a extinção da histórica legenda.
Preparo e coragem, Régis tinha de sobra. Um quadro pronto e acabado, de rara inteligência, a serviço sempre dos humildes, dos menos favorecidos. Zero traço de estrelismo. Era divertido, tirador de sarro, como bom santista, irônico, mas sempre objetivo. Um analista de situação perfeito. Propositivo. Não se abaixava diante do barulho do tiro, ao contrário, descobria rapidamente de onde viera o estampido, articulava no mesmo momento a resposta certa e muitas vezes ele próprio cumpria a missão, dando o exemplo.
Com Régis se perde mais um grande quadro da geração que resistiu e liderou a derrocada da ditadura militar no Brasil. Todos os que o conheceram de perto, ficam agora sem mais um amigo. Brilhante e de todas as horas.
A central Força Sindical, da qual Régis era assessor, publicou a seguinte nota:
Nota de falecimento
É com pesar que informamos o falecimento, no dia de hoje, do companheiro Régis Savietto Frati. Régis foi um importante combatente pela democracia e pelos direitos sociais e dos trabalhadores.
Filho de família comunista, desde muito jovem integrou o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Estudou no Senai, foi metalurgico da Ford, no ABC paulista, de onde foi demitido quando circulou a noticia da prisão do seu pai pela ditadura militar.
Foi obrigado a ir para o exílio em Moscou, capital da antiga União Soviética, onde integrou-se ao trabalho da equipe do Comitê Central do PCB também no exílio. Lá encontrava-se Luis Carlos Prestes, histórico secretário-geral do partido. Retornou ao Brasil com a anistia. Foi membro da Comissão Executiva e do Secretariado Nacional do PCB.
Assessorou a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a direção nacional da Força Sindical e do Sindicato Nacional dos Aposentados.
Nossos mais sinceros pêsames à família, aos companheiros de luta e aos amigos.
Régis Frati presente!
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Velório no dia 28/01, quinta-feira, das 14 às 15, crematório da Vila Alpina (Avenida Francisco Falconi, nº 437, Vila Alpina.)
O Centro de Memoria Sindical lançou também uma nota. Confira:
Régis Savietto Frati foi uma grande referência para a esquerda brasileira e, em especial para o movimento sindical. Militante desde sempre, ele era filho de Rolando Fratti – sindicalista, militante do Partido Comunista, preso e exilado com o Golpe Militar de 1964, Regis em muito contribuiu com seu pensamento na elaboração de ações e em momentos de decisivos nas direções de sindicatos e partidos.
Integrou o Partido Comunista Brasileiro (PCB), desde muito jovem. Estudou no Senai, foi metalúrgico da Ford, no ABC paulista, de onde foi demitido após a notícia da prisão do seu pai pela ditadura militar.
A partir de então foi um aguerrido combatente contra a ditadura, chegando a ser exilado em Moscou, junto com outros membros do PCB.
Assessorou a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a direção nacional da Força Sindical e do Sindicato Nacional dos Aposentados.
Sem quadros como ele nosso campo progressista e o movimento dos trabalhadores estariam com uma mentalidade de décadas atrás. Pensador, conselheiro, assessor sindical ele com certeza fez a diferença. Por isso, hoje, 27 de janeiro, quando foi divulgada a notícia de seu falecimento, é um dia de grande perda. Não apenas para sua família e amigos, mas para todo o movimento. Mais do que isso, para o país.
Nossos mais sinceros pêsames à família, aos companheiros de luta e aos amigos.
Régis Frati presente!
Milton Cavalo, presidente do Centro de Memória Sindical