As observações partem de quem entende do assunto. Elas são de Antonio de Sousa Ramalho (o Ramalho da Construção), que dirige o Sindicato da categoria em São Paulo e também representa os trabalhadores no Conselho Curador do FGTS.
Em entrevista exclusiva à Agência Sindical, Ramalho mostra ter os argumentos na ponta da língua. Ele diz: “Há tempos, a natureza do Fundo de Garantia vem sendo desvirtuada, na compra de ações da Petrobras, da Vale, no atendimento de emergências e em outras destinações. Mas a natureza do FGTS é outra. É fornecer recursos pra habitação, o saneamento e a infraestrutura”.
O dirigente lembra que, em 1966, quando de sua criação, o FGTS visava também formar uma reserva para indenizar o trabalhador dispensado. “Se liberarmos recursos de contas ativas, o saldo do Fundo vai cair e, no caso de demissão, o trabalhador terá menos a receber”, alerta. O Brasil já teve até um banco – BNH – que geria os recursos da habitação popular.
Empregos – Para o sindicalista, o governo deveria garantir o aquecimento de setores que geram emprego. Ele faz as contas: “O Fundo tem cerca de R$ 560 bilhões. A liberação, de forma correta, ainda que parcial, aqueceria o Minha Casa, Minha Vida” – que está paralisado.
Antonio de Sousa Ramalho calcula ser possível construir 954.545 unidades. Cada unidade gera 1,2 empregos diretos. Ou seja, 1.145.454 postos de trabalho na construção. Ele conta: “Se considerarmos que cada emprego na construção gera mais 2,9 na cadeia produtiva, chegaríamos a 3.321.816. Na soma, teríamos 4,4 milhões de empregos”.
O sindicalista informa que, no Brasil, existem 7,7 milhões de famílias sem moradia. “A liberação correta do FGTS reduziria em torno de 12% esse déficit. Além de gerar empregos formais, esse resultado alimentaria o próprio Fundo de Garantia, através dos recolhimentos mensais”, aponta Ramalho.
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