PUBLICADO EM 23 de jul de 2019
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Ramalho da Construção questiona liberação de recursos do FGTS

Está errada a forma com que o governo quer liberar parte dos recursos das contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A prevalecer o modo anunciado, dinheiro será consumido em pequenas compras, no pagamento de dívidas e não terão impacto efetivo na economia. Além do que os recursos do Fundo serão parcialmente reduzidos.

As observações partem de quem entende do assunto. Elas são de Antonio de Sousa Ramalho (o Ramalho da Construção), que dirige o Sindicato da categoria em São Paulo e também representa os trabalhadores no Conselho Curador do FGTS.

Em entrevista exclusiva à Agência Sindical, Ramalho mostra ter os argumentos na ponta da língua. Ele diz: “Há tempos, a natureza do Fundo de Garantia vem sendo desvirtuada, na compra de ações da Petrobras, da Vale, no atendimento de emergências e em outras destinações. Mas a natureza do FGTS é outra. É fornecer recursos pra habitação, o saneamento e a infraestrutura”.

O dirigente lembra que, em 1966, quando de sua criação, o FGTS visava também formar uma reserva para indenizar o trabalhador dispensado. “Se liberarmos recursos de contas ativas, o saldo do Fundo vai cair e, no caso de demissão, o trabalhador terá menos a receber”, alerta. O Brasil já teve até um banco – BNH – que geria os recursos da habitação popular.

Empregos – Para o sindicalista, o governo deveria garantir o aquecimento de setores que geram emprego. Ele faz as contas: “O Fundo tem cerca de R$ 560 bilhões. A liberação, de forma correta, ainda que parcial, aqueceria o Minha Casa, Minha Vida” – que está paralisado.

Antonio de Sousa Ramalho calcula ser possível construir 954.545 unidades. Cada unidade gera 1,2 empregos diretos. Ou seja, 1.145.454 postos de trabalho na construção. Ele conta: “Se considerarmos que cada emprego na construção gera mais 2,9 na cadeia produtiva, chegaríamos a 3.321.816. Na soma, teríamos 4,4 milhões de empregos”.

O sindicalista informa que, no Brasil, existem 7,7 milhões de famílias sem moradia. “A liberação correta do FGTS reduziria em torno de 12% esse déficit. Além de gerar empregos formais, esse resultado alimentaria o próprio Fundo de Garantia, através dos recolhimentos mensais”, aponta Ramalho.

Mais informações: www.sintraconsp.org.br

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