Metalúrgicos de São Paulo realizaram um protesto criativo e contundente contra possíveis cortes no seguro-desemprego, motivados pela revisão de gastos da proposta pela equipe econômica do governo. Na assembleia que aprovou a Convenção Coletiva nesta sexta (8), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, os trabalhadores abriram uma faixa com os dizeres “Haddad quer colocar o seguro-desemprego no Black Friday”, comparando as propostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com a mega liquidação que o comércio promove anualmente.
O ato repercutiu na imprensa. Matéria da Folha de S.Paulo, assinada por Danielle Brant, afirmou que “o ato, realizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, conta com faixas e discursos contrários à ideia [do corte de gastos]. O presidente do Sindicato e da Força Sindical, Miguel Torres, disse ao jornal que “tais mudanças são inaceitáveis em um governo do presidente Lula (PT)” e que “uma das propostas em análise seria descontar, das parcelas do seguro-desemprego, o valor correspondente à multa do FGTS, pagamento pelo empregador”
“Essa possibilidade preocupa muito. O Congresso é conservador, e se o governo enviar uma proposta de emenda à Constituição ou um projeto de lei complementar a essas cortes, como terá repercussão?”, questionou o dirigente.
A matéria lembrou ainda que as centrais sindicais já enviaram uma carta ao governo Lula solicitando diálogo sobre as possíveis mudanças, mas não obtiveram resposta.
Torres defendeu “regulamentar um dispositivo da Constituição que prevê contribuição adicional das empresas com alto índice de rotatividade de funcionários”, como uma alternativa viável. “As empresas que mais demitem devem contribuir mais para o sistema de proteção social dos desempregados. Há alternativas que podem ser implementadas”, disse. Mas também afirmou que, caso a proposta avance com mudanças no seguro-desemprego, haverá resistência por parte dos trabalhadores.