A varejista japonesa Seven & i Holdings Co. está vendendo a cadeia de lojas de departamentos Sogo & Seibu Co. para um fundo de investimentos dos EUA, mesmo que o sindicato que representa os trabalhadores de varejo da empresa tenham entrado em greve no Japão antes do anúncio da venda, na quinta feira. É a primeira grande greve que o Japão vê em décadas.
Alguns dos 900 grevistas marcharam e entregaram folhetos nas ruas perto da principal loja de departamentos da Seibu, em Tóquio, onde as venezianas estavam fechadas. Em um dia típico, a loja vê 100.000 clientes passarem por suas portas.
Os motivos da greve no Japão
Há especulação generalizada de que o Fortress Investment Group possa ter arrebatado a loja de departamentos a um preço barato, na esperança de lucrar com o valoroso terreno no qual seus pontos de venda estão; há um rumor de que o fundo de private equity dos EUA tem pouco interesse em comandar locais de varejo – colocando assim todos os empregos dos trabalhadores em perigo.
Greve no Japão: raridade
Greves e protestos são raros no Japão, onde o governo costuma ficar ao lado da indústria e grandes negócios ao invés dos trabalhadores e seus sindicatos. A última vez que os trabalhadores entraram em greve em uma grande loja de departamentos foi 61 anos atrás, e por menos de um dia, de acordo com o maior sindicato industrial do Japão, o UA Zensen.
Os mercados de trabalho atualmente são apertados no Japão, onde os trabalhadores nas grandes empresas ganharam os maiores aumentos salariais em 30 anos em negociações trabalhistas neste ano. Esses ganhos salariais foram cortados pela inflação, contudo, e, em termos reais, o pagamento continuou a cair.
Os trabalhadores da Sogo & Seibu tinham o apoio de grupos trabalhistas de lojas de departamentos rivais, incluindo a Takashimaya e Isetan Mitsukoshi.
Construindo solidariedade com o público, os grevistas se desculparam para as câmeras em reportagens na televisão japonesa por qualquer inconveniência que eles possam ter causado, mas disseram que a venda de seu empregador para um fundo de hedge dos EUA coloca em perigo empregos e os deixa sem escolha.
“Até o momento que os selos são colocados no contrato de transferência de ações, nós vamos transmitir nossos pensamentos em uma única voz sem desistir”, Yasuhiro Teraoka, presidente do sindicato, disse à mídia.
Membros do público saíram em apoio. “Eu acho que a greve é inovadora”, o aposentado de 68 anos Susumo Aso disse aos repórteres, enquanto ele ficava na frente das venezianas pretas que cobriam as normalmente movimentadas janelas do edifício. “Eu estou tão interessado que eu peguei uma viagem de trem de duas horas para ver isso. Eu acho que isso vai ter grande impacto nacionalmente”.
O negócio da Seibu foi adiado desde que foi anunciado pela primeira vez em novembro por causa da oposição generalizada. A transferência para o Fortress Investment Group vai ser concluída sexta-feira, de acordo com a Seven & i Holdings. A decisão veio de uma reunião do Conselho Administrativo. O preço de venda proposto é de 220 bilhões de yens ($1,5 bilhões de dólares), mas não vai ser final até a conclusão da transferência marcada para sexta-feira.
As varejistas Seibu & Sogo totalizam de 10 pontos de venda em todo o país. Embora o desaparecimento de lojas de departamentos tenha atingido o Japão muito mais tarde do que em algumas outras nações, como os Estados Unidos, sua influência está diminuindo com o advento das compras online. A Seven & i Holdings também tem sob sua asa a rede de lojas de conveniência 7-11, assim como a Ito-Yokado, uma cadeia de supermercados que continua relativamente popular, e a Loft, que vende papelaria e bugigangas para casa.
A empresa disse que vai alavancar sua força em lojas de conveniência, assim como lojas de comida, para remodelar seu negócio.
O Fortress Investment Group LLC baseado em Nova York foi fundado em 1998 e gerencia cerca de $44,7 bilhões de dólares de ativos.
Esse artigo apresenta reportagem do correspondente da AP Yuri Kageyama. Ele foi suplementado com mais material e citações.
Fonte: People´s World
Tradução: Luciana Cristina Ruy
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Rita de Cássia Vianna
Fízeram? Lá é aceita escravidão principalmente pra filhos de japonesas que vão trabalhar lá