PUBLICADO EM 19 de dez de 2017
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Previdência: na Argentina protestos marcam nova votação de reforma

Confrontos deixam 162 feridos, sendo 88 policiais, e mais de 70 manifestantes detidos; manifestantes e policiais se enfrentam em frente ao Congresso argentino contra a reforma da Previdência; durante mais de seis horas, integrantes de movimentos sociais e partidos opositores — muitos encapuzados — atiraram pedras, garrafas e outros objetos contra os policiais, que responderam com balas de borracha e caminhões com jatos d’águapraça em frente ao Congresso ficou destruída, devido aos confrontos

Foto: Eitan Abramovich/AEP

BUENOS AIRES – Depois de ter suspendido a primeira sessão convocada para debater o projeto de reforma da Previdência na Câmara, na quinta-feira passada, em meio a incidentes de violência nos arredores do Congresso argentino, nesta segunda-feira o governo do presidente Mauricio Macri voltou à carga, apesar de a Central Geral de Trabalhadores (CGT) ter convocado uma greve geral e de novos protestos, que se transformaram em uma verdadeira batalha campal.

Em meio à forte tensão, houve a expectativa de que o Executivo desistiria da tentativa de buscar a aprovação parlamentar — o Senado já deu sinal verde — e optaria por um decreto. No entanto, após um breve intervalo, com a polícia tentando dispersar os manifestantes, o presidente da Câmara, Emilio Monzó, reabriu as discussões, decidido a realizar a votação, que se estendeu pela noite.

A praça em frente ao Congresso ficou destruída, devido aos confrontos entre manifestantes e policiais. No fim da noite, o jornal “Clarín” apontava um saldo de 162 feridos, sendo 88 policiais, e mais de 70 manifestantes detidos. O número de civis feridos não foi informado, mas canais de TV locais mostraram várias pessoas machucadas. Durante mais de seis horas, integrantes de movimentos sociais e partidos opositores — muitos encapuzados — atiraram pedras, garrafas e outros objetos contra os policiais, que responderam com balas de borracha e caminhões com jatos d’água. Muitos foram presos, junto com outras pessoas ainda não identificadas. Os sites dos jornais “La Nación” e “Clarín” mostraram vídeo de um morteiro caseiro sendo disparado em plena praça.

Dentro do Parlamento, membros da oposição, sobretudo os kirchneristas, fizeram de tudo para impedir a votação.

— Não podemos discutir esta reforma com a repressão que está acontecendo lá fora — afirmou o deputado Agustin Rossi, chefe da bancada kirchnerista na Câmara.

Até as 20h, uma sucessão de discursos de deputados opositores pedia, insistentemente, que a sessão fosse suspensa. Os pedidos foram votados, vencendo sempre os favoráveis à discussão da reforma. Somente depois desse horário começou o debate sobre a proposta enviada pelo presidente Macri, que estabelece algumas modificações importantes no sistema de aposentadorias, pensões e programas sociais. A principal alteração será sobre a fórmula de cálculo, que passará a estar indexada a salários e inflação, não mais à arrecadação.

— Queremos implementar um sistema público e solidário. Queremos proteger os aposentados, porque a fórmula que existe atualmente gera enorme incerteza — argumentou o deputado macrista Eduardo Amadeo.

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Seu discurso foi interrompido várias vezes pelos gritos de parlamentares kirchneristas e de partidos de esquerda, que acusaram Macri de ser o responsável pela repressão aos manifestantes. Já os deputados do governo, entre eles o presidente da Câmara, asseguraram que a violência havia partido dos manifestantes e que a ação policial visou a proteger o Congresso.

A paralisação convocada pela CGT afetou ônibus, trens e metrô, e provocou o cancelamento de mais de 300 voos, afetando mais de 20 mil pessoas. No Brasil, Latam e Aerolíneas Argentinas pediram a quem tinha viagem marcada que não fosse para os aeroportos e prometeram trocar as passagens. A greve geral está prevista para terminar nesta terça-feira ao meio-dia.

A expectativa do governo era aprovar a reforma da Previdência com até 133 votos a favor, de um total de 257. O mínimo necessário são 129 votos.

Fonte: O Globo

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