Presidente da Anvisa também criticou as falas de Bolsonaro que buscavam descredibilizar a vacina produzida pelo Instituto Butatan com a farmacêutica Sinovac – Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, criticou os discursos antivacina do presidente Jair Bolsonaro. À CPI da Covid, nesta terça-feira (11), ele também classificou o passeio de Bolsonaro com centenas de motociclistas, no último fim de semana, como “sanitariamente inadequado”.
O cientista se disse arrependido de, em março de 2020, ter participado de uma manifestação junto ao presidente da República em Brasília – ambos sem máscara – em que centenas de seguidores se aglomeraram. No depoimento de hoje, ele se colocou contra as aglomerações promovidas por Bolsonaro durante a pandemia. “Sou contra qualquer tipo de aglomeração. É sanitariamente inadequado”, disse ele.
O presidente da Anvisa também criticou as falas de Bolsonaro que buscaram descredibilizar a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. “Não concordo com qualquer coisa que envolva aglomeração ou que negue a vacina, pois não possui sentido sanitário. Isso vai contra as indicações sanitárias”, afirmou.
Ele classificou a questão da vacina no Brasil como uma “guerra política” travada entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e Bolsonaro. “(As declarações do presidente) não ajudam e fazem parte de uma guerra política instaurada sobre o tema que deveria estar na área da ciência”, acrescentou.
Sputnik
A Anvisa encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de ontem (10), informações sobre que documentos ainda estão pendentes para que a agência analise um novo pedido de autorização de importação e distribuição da vacina russa Sputnik V. Em abril, a Anvisa negou o pedido de autorização para a importação e o uso emergencial do imunizante, que havia sido feito por dez estados.
À CPI, o presidente da Anvisa disse que consultou dezenas de países que já aprovaram a Sputnik V, mas as respostas foram consideradas insuficientes para aprovar a conclusão da importação da vacina. “Nenhum dos países, tirando México e Argentina, possuem agência regulatória sênior”, afirmou. Ele relatou que 11 países sequer responderam ao pedido e 23 haviam aprovado o imunizante, mas ainda não estavam usando a Sputnik V em larga escala. “A recepção ainda é inicial. A informação foi menor do que é cientificamente esperado”, disse. “Então, na questão dos países, que é tão falada, o número não é este. Pode estar aprovada, mas não está sendo utilizada”, acrescentou Barra Torres, que negou que o STF esteja fazendo uma “judicialização” das vacinas.
Fonte: Rede Brasil Atual