Por uma frente ampla das democratas e dos democratas antifascistas, antirracistas e pela vida!
A vida dos brasileiros e brasileiras está indo pro fundo de uma cova rasa de sete palmos de terra.
Tudo que construímos até hoje para contribuir, com um país democrático, mais justo e sustentável, está em altíssimo risco.
“Bolsonaro é o culpado pela crise econômica, que ainda vai se agravar. Ele é um elemento nefasto para o crescimento e para o desenvolvimento econômico”, diz o empreendedor social Oded Grajew, ex-dirigente empresarial, idealizador do Instituto Ethos e um dos criadores do Fórum Social Mundial. Para ele, o Brasil enfrenta hoje “uma situação que a gente não viveu desde o restabelecimento da democracia: um risco tão iminente, tão forte, de cairmos em um regime totalitário, um regime militar”.
Dezenas de manifestações dos mais amplos e diferentes segmentos da sociedade são lançados diariamente, pelas centrais sindicais, CUT, Força Sindical, UGT,NCST,CSB e CTB; pelas grandes e consolidadas organizações da sociedade civil como OAB, ABI, SBPC, ABC e Comissão Arns e pelas centenas de movimentos sociais, coalizões e frentes populares, redes e organizações não governamentais. Como por exemplo o Manifesto “Juntos”. Ou a Carta Aberta organizada pelo Ethos, Instituto Capitalismo Consciente Brasil, Plataforma pelos Dirigentes com Propósito e Sistema B e endossada por mais de 300 empresários e empresárias, executivos e executivas pelo fim da polarização entre os democratas, pela defesa da democracia e da vida. Ou ainda a manifestação “Basta!”, de juristas e operadores do direito.
É momento de ultrapassar as estratégias da resistência e avançarmos na construção de uma frente ampla com todas as democratas e os democratas antifascistas, antirracistas e que defendam a vida somando-se às organizações sindicais e da sociedade civil. As manifestações de rua pela democracia, contra Bolsonaro, o fascismo e o racismo precisam participar do diálogo.
Acredito na possibilidade efetiva para a unificação da mobilização democrática, pela vida e pela paz. E para isso as mais diversas lideranças e estratégias precisam dialogar imediatamente. O que nos une é a luta imediata para barrar o fascismo, o racismo, a morte e barbárie.
Instituições como o Congresso Nacional e o STF têm cumprido seus papéis na defesa da Constituição Federal, da democracia e das garantias do Estado Democrático de Direito.
A maioria absoluta da sociedade brasileira está demandando decisões das instituições republicanas. O STF deveria atuar de próprio ofício em defesa dos princípios pétreos pela defesa da vida expressos na Constituição. Por exemplo, abrir imediato processo de responsabilização do Governo Bolsonaro por milhares de mortes evitáveis e pelo genocídio em marcha no Brasil que vitima principalmente os grupos sociais mais vulneráveis, a população negra, indígenas e a população pobre.
A maioria absoluta da sociedade brasileira está demandando decisões das instituições republicanas. É obrigação cívica e constitucional dos partidos políticos democráticos e do Congresso Nacional a abertura imediata de processo de impeachment do presidente Bolsonaro. Os partidos políticos são instituições fundamentais da democracia. Cumprem função e papel de representar a diversidade política da sociedade. Aqueles que comprometam com estes princípios deveriam ser bem-vindos, para o exercício efetivo da democracia representativa. Por uma frente ampla para o impeachment! É isso que se espera dos partidos políticos em uma frente ampla.
Trago para o diálogo a reflexão do professor Nobre, presidente do CEBRAP: “Para a democracia brasileira, o momento é de perigo por todos os lados. Corre o risco de não sobreviver sem um impeachment do atual presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas também pode acabar em ruptura, caos social e violência, por outro lado, caso um impeachment do presidente seja realizado de maneira precoce, negociado às pressas e sem envolver todas as forças democráticas da sociedade.”
Não aguentamos mais! Basta!
Por uma ampla frente de mobilização cidadã pela democracia e pela vida!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
Caio Magri é graduado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), foi gerente de políticas públicas da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, além de coordenador do Programa de Políticas Públicas para a Juventude da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (SP). Em 2003 integrou na assessoria especial do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sob a coordenação de Oded Grajew. Atua no Instituto Ethos desde 2004, quando iniciou como assessor de Políticas Públicas. Em 2005, tornou-se gerente executivo de Políticas Públicas, em 2014, diretor executivo e em 2017, foi nomeado diretor-presidente do Instituto Ethos. Participa como membro dos conselhos do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Transparência Pública e Combate à Corrupção-CGU, do Pró-Ética, do Comitê Brasileiro do Pacto Global (CPBG) e da Rede Nossa São Paulo, entre outros.
FONTE: Uol