Trabalhadores em transportes fizeram paralisações em todo o país, nesta segunda-feira, contra aumento dos preços. Federação dos petroleiros alerta para impactos em outros setores. Motoristas fazem protesto na Esplanada dos Ministérios contra aumentos sucessivos dos combustíveis
São Paulo – A política do governo Temer para os preços da gasolina e do diesel, levada pela gestão de Pedro Parente na Petrobras, põe mais combustível na greve nacional dos caminhoneiros, além de aumentar a fragilidade do país, avalia a Federação Única dos Petroleiros (FUP). A categoria já aprovou uma paralisação, ainda sem data definida, contra o processo “desmonte” da companhia.
“Colocado por Michel Temer no comando da Petrobrás, Pedro Parente alterou a política de preços das refinarias, em outubro de 2016, quatro meses após ser empossado. Por sua orientação, a estatal passou praticar a paridade com o mercado internacional, aumentando os preços de acordo com a variação do barril de petróleo, sem estabelecer qualquer mecanismo de proteção para o consumidor”, diz a FUP.
“Além de aumentar diariamente os preços dos derivados, Pedro Parente reduziu a carga das refinarias, que estão operando com 75% da capacidade em vários estados do País. Quem ganha com isso são as importadoras de combustíveis. Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP).”
Segundo o economista Cloviomar Cararine, técnico do Dieese e assessor da federação, as importadoras aproveitam essa redução nas refinarias para entrar no mercado brasileiro. “Nosso país é o sétimo maior consumidor de derivados do mundo. A Petrobrás abriu mão de ofertar derivados ao país e passamos, assim, a depender, em grande medida, das importações de derivados de outros países, principalmente dos Estados Unidos”, afirma.
A entidade lembra que, após reajustar preços quatro vezes seguidas na semana passada, a Petrobras anunciou novo aumento dos derivados nas refinarias. “Os valores subirão quase 1% nesta terça-feira, 22, colocando mais combustível na greve dos caminhoneiros, que protestam em todo o país contra os altos preços do diesel, que só neste mês de maio, já aumentou 12,3%”, diz a FUP, lembrando que os combustíveis têm impacto direto no valor dos transportes públicos e dos fretes rodoviários.
E os fretes, acrescenta a federação, se refletem nos preços de alimentos e produtos industrializados. “Por isso, a redução dos preços dos derivados de petróleo é um dos eixos da greve que os petroleiros aprovaram para barrar o desmonte do Sistema Petrobrás. A retomada da produção das refinarias e o fim das importações de combustíveis estão também na pauta principal do movimento”, lembra a FUP, que já aprovou um calendário de resistência. Até 12 de junho, o Conselho Deliberativo, que reúne a federação e sindicatos filiados, deverá definir a data do movimento.
“Nos governos Lula e Dilma, as nossas refinarias estavam a plena carga, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população”, diz o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel. “Agora, por uma decisão do governo, a Petrobras reduziu drasticamente a carga processada em nossas refinarias e o país aumentou a importação.”
Segundo ele, se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) resolver “fechar as torneiras amanhã, os consumidores brasileiros vão pagar o preço e não saberão disso”. O dirigente afirma que a política de Temer e Parente “deixará o Brasil de novo completamente vulnerável a qualquer problema internacional e quem continuará pagando a conta é o povo”.
De acordo com a FUP, os aumentos “desenfreados” dos derivados nos anos 1990 fez a gasolina brasileira ficar entre as 20 mais caras do mundo. Isso mudou a partir do governo Lula. “Entre 1995 e 2002, o preço do combustível sofreu reajustes de 350%, uma média de 44% ao ano. De 2003 a 2015, o reajuste foi de 45%, uma média de 3,75% ao ano”, compara a entidade.
Greve dos caminhoneiros
Balanço da Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCam) aponta participação da categoria, nesta segunda-feira (21), em 17 unidades da federação. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, houve mobilização em 21 estados. A ABCam afirma que o diesel representa 42% dos custos do negócio, e 43% do preço do combustível na refinaria vem do ICMS, PIS, Cofins e Cide.
De acordo com a Polícia Rodoviária, os estados com mais pontos de bloqueio de estradas foram Paraná (20), Bahia (14), Rio de Janeiro (14), Minas Gerais (11) e Goiás (9). O movimento estaria mais intenso nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Temer marcou reunião com ministros, para esta segunda-feira, para discutir o assunto. Até o momento, o governo não se manifestou oficialmente.
Fonte: Rede Brasil Atual
Com informações da FUP e da Agência Brasil