Entre os indiciados estão o ex-policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva e o vigilante Magno Braz Borges, que trabalhavam no supermercado e agrediram a vítima, e a agente de fiscalização Adriana Alves Dutra, que aparece nos vídeos do espancamento tentando impedir que o ato fosse gravado. Os três estão presos. Nesta semana, a Justiça negou pedido de liberdade provisória de Silva.
Também foram indiciados o vigilante Paulo Francisco da Silva, do Grupo Vector, e os funcionários do local Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende, acusados de participação menor no crime. A delegada Roberta Bertoldo, responsável pela investigação, pediu a prisão dos três.
Segundo Roberta, não houve crime de injúria racial, mas a atitude dos agressores ocorreu em decorrência do racismo estrutural vivido no País, somado ao fato de a vítima ter uma condição socioeconômica inferior. “Nenhuma testemunha foi capaz de detalhar o que motivou aquela reação violenta”, disse a delegada.
“Essas situações discriminatórias são decisivas no tratamento de inúmeras pessoas. Se aquela pessoa fosse outra, provavelmente a situação seria outra”, agrega Roberta. “Embora não tenha havido provas para afirmar que alguma ofensa relacionada à cor de João Alberto foi pronunciada naquele momento, podemos considerar, sem dúvida nenhuma, que está arraigado neste meio social, tratado desde a data do fato, que é o racismo estrutural.”
Para a chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, ficou claro e comprovado o excesso dos seguranças no crime. “A conclusão do inquérito trouxe uma resposta rápida dentro da lei e uma sensação de justiça. A polícia embasou em 69 páginas esse relatório, com detalhes importantes sobre o caso. Foi público e notório que ocorreu uma atitude desumana e degradante, que feriu os direitos humanos”, disse Nadine.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte das agressões e o momento em que João Alberto foi atendido por socorristas, quando estava desacordado. Em uma das gravações, o homem é derrubado e atingido por ao menos 12 socos. Ao fundo, uma pessoa grita “vamos chamar a Brigada (Militar)”.
Cerca de 40 pessoas foram ouvidas durante a investigação, de acordo com informações divulgadas em coletiva de imprensa. Segundo testemunhas, um dos agressores colocou o joelho sobre o corpo da vítima, imobilizando-a e dificultando que respirasse.
Fonte: Vermelho
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