Em um ano, 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza no país e cerca de 3,1 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada hoje pelo IBGE (4).
De 2022 a 2023, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza no Brasil caiu de 67,7 milhões para 59,0 milhões atingindo a menor proporção desde 2012, quando o IBGE iniciou a série histórica.
Também recuou no período, a proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de extrema pobreza, de 5,9% para 4,4%, a menor proporção da série histórica. Pela primeira vez, esse indicador ficou abaixo dos 5,0%. Em números absolutos, a população na extrema pobreza recuou de 12,6 milhões para 9,5 milhões de pessoas, também o menor contingente desde 2012.
Programas sociais
O IBGE revelou que programas sociais implementados pelo governo federal impediram aumento da desigualdade de renda em 2023 e que, se não existissem, a pobreza e a extrema pobreza, ao invés de diminuir, teriam aumentado.
Ele avalia que “há pobreza entre a população ocupada, provavelmente relacionada à vulnerabilidade social de alguns segmentos do mercado de trabalho”, mas que “a pobreza e a extrema pobreza entre os trabalhadores são menos intensas do que na população desocupada”.
O IBGE aponta também que a proporção de pessoas que viviam em domicílios beneficiados por programas sociais subiu de 25,8% para 27,9% e que mais da metade da população rural (cerca de 51%) vive em domicílios beneficiados por programas sociais. Em áreas urbanas, essa proporção era de 24,5%. Os dados mostram que os programas sociais estão presentes na vida de duas em cada cinco crianças do país.
Mais pessoas trabalhando
O total das pessoas ocupadas em 2023 chegou ao seu maior contingente desde 2012: 100,7 milhões, com aumento de 3,7 milhões de pessoas (ou mais 3,8%) frente a 2022. O aumento ocorreu entre os trabalhadores registrados e informais.
Jovens trabalham e estudam
Número de jovens que não estudam nem trabalham é o mais baixo desde 2012.
Em 2023, o total de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam e não estavam ocupados atingiu o menor número (10,3 milhões) e a menor taxa (21,2%) desde o início da série, em 2012.
Denise Guichard, analista do IBGE, avalia que “esta redução se deve à melhora do mercado de trabalho, ao aumento no número de jovens que estudavam e estavam ocupados e às mudanças demográficas que levam a uma gradual diminuição da população mais jovem no país”. Quanto menor a faixa de rendimento, maior a proporção de jovens de 15 a 29 anos fora do sistema de ensino e sem trabalho.
Desigualdades de gênero e cor
A quantidade de jovens que não estudavam nem estavam trabalhando recuou 4,9% entre 2022 e 2023. No entanto, as maiores reduções no período foram entre as mulheres brancas (11,9%) e entre os homens pretos ou pardos (9,3%). Para os homens brancos o recuo foi menos expressivo (6,5%) e as mulheres pretas ou pardas apresentaram a menor redução do período (1,6%).
Entre 10,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam nem estavam ocupados no Brasil em 2023, as desigualdades de gênero e de cor ou raça persistem: as mulheres pretas ou pardas eram 4,6 milhões (ou 45,2% do total de jovens que não estudavam nem estavam trabalhando), enquanto as mulheres brancas eram 1,9 milhão (ou 18,9%). Já os homens pretos ou pardos eram 2,4 milhões (23,4%) e os homens brancos, 1,2 milhão (11,3%).
Rendimento-hora dos trabalhadores brancos é 67,7% maior que o dos pretos ou pardos.
Desigualdades permanecem
Não se observou, contudo, redução na desigualdade. André Simões, que integra a equipe responsável pela SIS, avalia que: “por atuarem mais na base da estrutura de rendimentos, os efeitos dos benefícios de programas sociais impediram que o Gini aumentasse. Sem os benefícios, o Gini teria passado de 0,518 para 0,555”.
A proporção de pessoas com ocupações informais no total de trabalhadores do país oscilou apenas de 40,9% para 40,7%. Essa taxa de informalidade chegou a 45,8% das pessoas ocupadas de cor ou raça preta ou parda, enquanto era de 34,3% entre as pessoas ocupadas brancas, refletindo desigualdades historicamente constituídas.
Desigualdades semelhantes são encontradas em relação à taxa composta de subutilização da força de trabalho, que considera a desocupação, a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas e a força de trabalho potencial. Esse indicador chegou a 20,9% em 2022, recuando para 18,0% em 2023. No entanto, para os homens, a subutilização era de 14,4%, enquanto entre as mulheres essa taxa chegava a 22,4%. Para os brancos, a subutilização era de 13,5%, enquanto entre pretos e pardo ela chegava a 21,3%.
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