Na manhã desta quarta-feira, 6, há pouco mais de dois meses do suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, a Polícia Federal invadiu a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) levando em condução coercitiva o reitor, Jaime Arturo Ramírez, e a vice-reitora, Sandra Regina Almeida.
Em uma operação chamada “Esperança Equilibrista”, nome inspirado na canção que se tornou hino da anistia de 1979, a PF cumpriu oito mandados judiciais de condução coercitiva e 11 mandados judiciais de busca e apreensão na UFMG.
Trata-se de uma ação coordenada entre a PF, Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU), assim como no caso da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Os motivos alegados para a ação são a não execução e o desvio de recursos públicos destinados à construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela Universidade. Segundo as informações apuradas pela polícia, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção e pesquisas de conteúdo para a exposição, mas o único produto aparente é um dos prédios anexos – ainda inacabado.
Ainda segundo os investigadores, quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos feitos pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), que foi contratada para fazer os estudos de conteúdo e a produção de material para a exposição.
Segundo o jornalista Luís Nassif, do portal GGN, os problemas envolvendo o Memorial são burocráticos e administrativos e não podem se tornar caso de polícia. Hoje pela manhã ele escreveu em seu site que: “Problemas administrativos, que demandam análises administrativas, são transformados em casos policiais, para que se infunda o terror nas universidades, último reduto da liberdade de pensamento no país, depois que a Lava Jato se incumbiu de desmontar o PT e a reforma trabalhista investiu contra as centrais sindicais”.
Ainda segundo ele “após o impeachment, não houve sequer nomeação do novo presidente da Comissão de Anistia, e as obras foram paralisadas. Este ano, foi realizada uma audiência pública em Belo Horizonte, na qual se solicitou à UFMG que terminasse o projeto. E foi recusado pela óbvia falta de verbas que assola as universidades federais”.
A ação ocorrida na UFMG configurou-se como algo desproporcional frente a natureza dos problemas e sinaliza que a trágica morte do reitor da UFSC não mudou em nada os procedimentos adotados.