PUBLICADO EM 18 de fev de 2022
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Petrópolis: volta a chover e sirenes tocam em área atingida

No quarto dia de buscas por vítimas, alertas em locais como Morro da Oficina foram acionados

Tragédia em Petrópolis (RJ) – Foto: Reprodução

O sistema de sirenes de Petrópolis, cidade serrana do Rio de Janeiro, voltou a ser acionado na noite de quinta-feira, 17, após chover forte novamente na região. Na madrugada desta sexta-feira, 18, a sirene do Morro da Oficina – área que foi destruída com as chuvas de terça-feira – foi acionada e a Defesa Civil do Estado está orientando os moradores a procurarem um lugar seguro para ficar. Alertas também foram acionados na 24 de maio, Ferroviários, Vila Felipe — Chácara Flora 2, Sargento Bohning, São Sebastião — Adão Brand, São Sebastião — Vital Brasil e Siméria.

As equipes de resgate que atuam em Petrópolis entraram no quarto dia de buscas nesta sexta-feira. Até o momento, já são 120 vítimas fatais da tragédia. A Polícia Civil trabalha ainda com a estimativa de 116 desaparecidos.

Tempo

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) avisou que a possibilidade da ocorrência de eventos de movimentos de massa na região serrana, especialmente em Petrópolis, é muito alta, em razão dos altos índices de precipitação nas últimas 48 horas e nas últimas semanas.

O nível elevado de umidade do solo pode levar a novos deslizamentos de terra mesmo na ausência de chuva, ou chuva fraca, informou o Cemaden. As chuvas devem seguir com intensidade de moderada a forte nas próximas horas.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) lançou um alerta de grande perigo para os municípios da região serrana, devido a chuvas superiores a 60 mm/h ou maior que 100 mm/dia e ventos superiores a 100 km/h.

O Inmet informou que há grande risco de novos alagamentos, enxurradas, danos em edificações, queda de árvores, cortes de energia elétrica e descargas elétricas.

Petrópolis tem sirenes para evacuação só em dois de cinco distritos

Com um histórico de deslizamentos, inundações e outros eventos geológicos de diversas gravidades, Petrópolis mantém um conjunto de 20 sirenes de alerta e evacuação restrito a dois dos cinco distritos. A maioria dos equipamentos, 18, está concentrada no 1º Distrito (chamado Petrópolis), que concentra 55% (15.240 ao todo) das moradias de alto e muito alto risco da cidade e, de acordo com as informações iniciais, a mais afetada pelas chuvas intensas de terça-feira, 15, que deixaram mais de uma centena de mortos.

O 1º Distrito engloba o centro da cidade e 15 bairros e comunidades, como Alto da Serra (onde fica o Morro da Oficina, um dos locais mais afetados), Caxambu, Floresta e Valparaíso, dentre outros. As outras duas sirenes ficam no no 3º Distrito (Itaipava), mas são exclusivamente voltadas a inundações, por estarem na região do Vale do Cuiabá. A área foi uma das mais afetadas nas chuvas de 2011, que deixaram mais de 70 mortos na cidade.

Itaipava tem 3.312 moradias em áreas de alto e muito alto risco, de acordo com o Plano Municipal de Redução de Risco, divulgado pela Prefeitura em 2017 e feito pela empresa Theopratique. Sem nenhum tipo de equipamento de alerta sonoro local, os Distritos de Cascatinha (2º), Pedro do Rio (4º) e Posse (5º) têm, respectivamente, 5.762, 1.723 e 1.667 habitações em áreas de alto e muito alto risco, das quais 1.985 deveriam ter as famílias reassentadas para novos endereços.

No site da Defesa Civil municipal, é descrito que as “sirenes são a melhor ferramenta de prevenção a curto prazo que o município possui, já que possibilitam que moradores de áreas de risco sejam avisados com rapidez sobre a urgente necessidade de sair de casa e procurar um local seguro”.

Mais adiante, é dito que a orientação aos moradores de área de risco é procurar um local seguro “sempre que começar a chover forte, antes mesmo de a sirene tocar”. “Os alertas das sirenes são o último aviso de que a população deve sair da área de risco. O barulho da chuva no telhado já é um aviso”, completa.

No Plano de Contingência Municipal, o monitoramento classifica a situação de risco em cinco escalas, de “baixo” a “máximo”, e estágios, de “normalidade” ao de “crise” – a cidade está no de “crise” desde as 18h51 de terça-feira. As sirenes são acionadas nos estágios de “atenção” e “alerta” (o terceiro e quarto em gravidade), no primeiro caso para alertar para chuva forte e, no segundo, para a evacuação do local. Na fase de “atenção”, também é emitido um boletim geológico, o que ocorreu quatro vezes neste período de chuvas, desde meados do segundo semestre de 2021.

Por ter registrado chuva intensa na semana anterior, Petrópolis esteve em estado de “atenção” do dia 7 até a segunda-feira 14, com risco considerado alto para o 1º distrito homônimo e moderado para o 2º. Naquele dia, a Defesa Civil informou a mudança para uma classificação de “observação”, porque o risco era “moderado”. O comunicado também admitia “a previsão de instabilidade se mantém para terça e quarta-feira (15 e 16), em que há possibilidade de voltar a ocorrer pancadas de chuva, de intensidade moderada a forte, nos períodos da tarde e noite”.

Nessa classificação, não há alerta sonoro, mas apenas por mensagens de SMS. A justificativa divulgada à época foi a redução no acumulado pluviométrico e “ausência significativa de chuva”. Após a segunda-feira, não há registro de mudança para o estado de “atenção” ou “alerta” nas páginas do município até a piora nas chuvas, que resultou no estado de “crise”.

Os gatilhos para a determinação deste estágio no Plano de Contingência são “ocorrências múltiplas simultâneas sobrepondo capacidade de resposta”, “ocorrências concretizadas”, “previsão de continuidade do cenário” e “necessidade de apoio de outras agências”. A chuva daquele dia foi caracterizada pela grande quantidade de precipitação em poucas horas.

No início da temporada de chuvas, a Prefeitura destacou que o monitoramento de risco envolvia 51 pluviômetros em 20 localidades de todos os distritos, cinco estações geotécnicas (de avaliação da umidade do solo), 56 câmeras e uma equipe de 32 pessoas na Defesa Civil. Nas comunidades, também havia retomado o programa de pluviômetros caseiros (feitos pelos moradores, com garrafa pet e uma régua cedida pelo Município) e mantinha um sistema de alerta alternativo por apitos na localidade Floresta, no 1º Distrito.

*Com informações da DW e Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra

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