
Pena Branca e Xavantinho, cantores e compositores brasileiros
Quebra de Milho é uma celebração poética do ciclo da vida no campo. Composta pelo Grupo Agreste e interpretada com emoção e autenticidade por Pena Branca e Xavantinho, a canção traça um delicado retrato da rotina agrícola, marcada pela fé, pelo trabalho coletivo e pela profunda conexão com a terra.
Organizada em versos que acompanham o calendário, a letra descreve mês a mês as etapas do cultivo do milho — da queimada e plantio à colheita e festa — refletindo o ritmo natural das estações e da vida rural. A religiosidade popular aparece como parte essencial desse processo, com promessas e orações a São Miguel Arcanjo pedindo chuva e agradecendo a fartura.
Mais do que um simples registro do cotidiano agrícola, a música exalta os valores comunitários e o saber ancestral que sustentam a cultura camponesa. A colheita, momento culminante da canção, é vivida como festa e renovação: um tempo de abundância, partilha e alegria. Quebra de Milho é, assim, um hino à resistência do povo da roça, à beleza do trabalho e à poesia que brota do chão.
Quebra de Milho
(Composição: Grupo Agreste/1982)
Intérprete: Pena Branca e Xavantinho
Mês de agosto
é tempo de queimada
Vou lá prá roça
preparar o aceiro
Faísca pula
que nem burro brabo
E faz estrada lá na capoeira
A terra é a mãe,
isso não é segredo
O que se planta
esse chão nos dá
Uma promessa
a São Miguel Arcanjo
Prá mandar chuva
pro milho brotar…
Passou setembro,
outubro já chegou
Já vejo o milho
brotando no chão
Tapando a terra
feito manto verde
Prá esperança do meu coração
Mês de dezembro,
vem as boas novas
A roça toda já se embonecou
Uma oração
agradecendo a Deus
E comer o fruto
que já madurou…
Mês de janeiro,
comer milho assado
Mingau e angú
no mês de fevereiro
Na palha verde
enrolar pamonha
E comer cuscuz
durante o ano inteiro
Quando é chegado
o tempo da colheita
Quebra de milho,
grande mutirão
A vida veste sua roupa nova
Prá ir no baile lá no casarão…
Fonte: Centro de Memória Sindical