PUBLICADO EM 10 de abr de 2022

Penabranca e Xavantinho cantam: “Quebra do milho”; música

Conforme o Globo Rural de 2020, com mais de 4 milhões de estabelecimentos familiares e 10 milhões de brasileiros e brasileiras em território nacional, a agricultura familiar responde hoje por 38% do Produto Interno Bruto Agropecuário do País, o equivalente a um montante de 54 bilhões de reais – é o que aponta o Embrapa. Nossa música vai pra eles!

Pena Branca e Xavantinho, cantores e compositores brasileiros

Pena Branca e Xavantinho, cantores e compositores brasileiros

Quebra de Milho é uma celebração poética do ciclo da vida no campo. Composta pelo Grupo Agreste e interpretada com emoção e autenticidade por Pena Branca e Xavantinho, a canção traça um delicado retrato da rotina agrícola, marcada pela fé, pelo trabalho coletivo e pela profunda conexão com a terra.

Organizada em versos que acompanham o calendário, a letra descreve mês a mês as etapas do cultivo do milho — da queimada e plantio à colheita e festa — refletindo o ritmo natural das estações e da vida rural. A religiosidade popular aparece como parte essencial desse processo, com promessas e orações a São Miguel Arcanjo pedindo chuva e agradecendo a fartura.

Mais do que um simples registro do cotidiano agrícola, a música exalta os valores comunitários e o saber ancestral que sustentam a cultura camponesa. A colheita, momento culminante da canção, é vivida como festa e renovação: um tempo de abundância, partilha e alegria. Quebra de Milho é, assim, um hino à resistência do povo da roça, à beleza do trabalho e à poesia que brota do chão.

 

Quebra de Milho
(Composição: Grupo Agreste/1982)
Intérprete: Pena Branca e Xavantinho

Mês de agosto
é tempo de queimada
Vou lá prá roça
preparar o aceiro
Faísca pula
que nem burro brabo
E faz estrada lá na capoeira

A terra é a mãe,
isso não é segredo
O que se planta
esse chão nos dá
Uma promessa
a São Miguel Arcanjo
Prá mandar chuva
pro milho brotar…

Passou setembro,
outubro já chegou
Já vejo o milho
brotando no chão
Tapando a terra
feito manto verde
Prá esperança do meu coração

Mês de dezembro,
vem as boas novas
A roça toda já se embonecou
Uma oração
agradecendo a Deus
E comer o fruto
que já madurou…

Mês de janeiro,
comer milho assado
Mingau e angú
no mês de fevereiro
Na palha verde
enrolar pamonha
E comer cuscuz
durante o ano inteiro

Quando é chegado
o tempo da colheita
Quebra de milho,
grande mutirão
A vida veste sua roupa nova
Prá ir no baile lá no casarão…

Fonte: Centro de Memória Sindical

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