“A Igreja não tem medo da história”, disse o Papa Francisco, anunciando o movimento em um discurso para membros dos Arquivos Secretos do Vaticano. “Ao contrário, ela a ama, e gostaria de ama-la ainda mais, como ela ama a Deus”.
Os arquivos papais são geralmente abertos a historiadores 70 anos depois do fim de um pontificado, mas a Igreja tem estado sob pressão para revelar os registros de Pio XII antes disso, enquanto os sobreviventes do Holocausto ainda estão vivos.
Muitos grupos judeus têm pedido, por décadas, para o Vaticano abrir os arquivos. O rabino David Rosen, do Comitê Judeu Americano, acolheu com prazer a notícia, dizendo à Reuters que ajudaria os historiadores a “reconhecer tanto as falhas, quanto os valiosos esforços feitos” durante o Holocausto.
A Igreja Católica disse que Pio, que foi Papa de 1939 até sua morte em 1958, trabalhou silenciosamente para salvar judeus durante o Holocausto, enquanto permanecendo de lábios apertados para proteger católicos em países ocupados pelos nazistas.
Indicando que concorda com essa linha, o Papa Francisco disse que o pontificado de Pio incluiu “momentos de graves dificuldades, decisões atormentadas de prudência humana e cristã, que para alguns podem aparecer como reticentes”, mas sugeriu que os documentos incluem evidências de tentativas “para se manter acesa, nos períodos mais escuros e cruéis, a chama das iniciativas humanitárias, de escondida mas ativa diplomacia”.
Historiadores serão capazes de julgar essas alegações com o registro dos arquivos, começando em 2 de março de 2020, quando a Igreja planeja tirar o selo dos documentos.
Em 2014, Francisco disse: “Eu não quero dizer que Pio XII não cometeu qualquer erro – eu mesmo cometi muitos – mas é preciso ver seu papel no contexto do tempo… por exemplo, foi melhor para ele não falar, porque mais judeus seriam mortos, ou era para ele falar.”
Os documentos não serão abertos para o público, no entanto. Pesquisadores devem ter um diploma universitário de um curso de cinco anos, e a permissão deve ser procurada a partir do chefe dos arquivos, em uma carta que estabelecendo “as razões para a pesquisa”, de acordo com as notícias do Vaticano.
Fonte: time.com
Tradução: Luciana Cristina Ruy