Por Carolina Maria Ruy
“A nova geração corre alguns riscos; se forma no colégio, procura um emprego, resiste aos problemas. E uma vez por semana, nas noites de sábado, ela explode”. Assim se referiu o jornalista Nik Cohn aos jovens do distrito de Bay Ridge, no Brooklyn, Nova York, em sua matéria Tribal Rites of the New Saturday Night (Ritos Tribais da Nova Noite de Sábado) , inspirando o filme Os Embalos de Sábado à Noite.
Embora seja lembrado principalmente pelas danças e pela música Stayin Alive (do grupo Bee Gees – ícone da discoteca dos anos 1970), Os Embalos de Sábado à Noite retrata o drama dos jovens trabalhadores em busca de identidade, inserção social e integração ao imponente mundo da moda.
A imagem inicial do filme, a ponte do Brooklyn, que conecta os bairros nova-iorquinos Brooklyn e Manhattan, simboliza o abismo social que diferenciava os dois lados. Do lado pobre da ponte, o protagonista Tony Manero é um vendedor em uma loja de tintas que se torna o rei da disco dance nas noites de sábado.
Jovem idealista, Tony não questiona, em princípio, seu dia a dia opressor, a incompreensão da família e a obrigação do trabalho brutalizante e mal pago. Ele é um otimista. E demonstra todo o seu otimismo quando se sente prestigiado pelo patrão ao receber um irrisório aumento salarial de dois dólares, em uma passagem que ressalta os contrastes do filme. O Tony dançarino é o grandioso ídolo, exemplo de beleza e de estilo, cobiçado por todos que estão a sua volta. O Tony trabalhador é um humilde funcionário, sem posses, que, ao se contentar com pouco, parece começar do zero a construir sua vida profissional. Quando ridicularizado pelo pai ele rebate dizendo que o que mais importa não é o dinheiro em si, mas o reconhecimento.
Mas ele enfrenta situações que o levam a uma autoconsciência e a um amadurecimento. As limitações do mundo de Tony Manero começam a pesar sobre ele e suas aspirações são redirecionadas. Os Embalos de Sábado à Noite mostra a jornada rumo à mudança de status.
EUA, 1977
Direção: John Badham
Elenco: John Travolta, Karen Lynn Gorney, Barry Miller e Joseph Cali
Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical. Do livro “O mundo do Trabalho no cinema”, publicado por Centro de Memória Sindical
Confira o Trailer:
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