PUBLICADO EM 09 de abr de 2019
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“O texto da reforma está ruim”, diz Paulinho da Força em encontro com Bolsonaro

A nova ofensiva do presidente  em formar uma base aliada não teve o resultado esperado pelo Palácio do Planalto.

Após um encontro com o presidente Jair Bolsonaro, PR e Solidariedade anunciaram postura de independência no Legislativo e defenderam mudanças na reforma da Previdência proposta pelo Executivo.

Solidariedade

Presidente do Solidariedade, Paulinho da Força disse à Folha de São Paulo, que a iniciativa em discussão na Câmara dos Deputados “é ruim e precisa de alterações”. Ele disse que o partido apresentou pontos do texto enviado pelo governo ao Legislativo que, na visão do grupo, precisam de modificação. Ele citou como exemplos o BPC (Benefício pago a idosos carentes) e a aposentadoria dos trabalhadores rurais. Paulinho também abordou a questão da Previdência nos estados, no encontro com o presidente. Para ele este assunto tem que ser tratado em cada estado. “Não dá para um governador ficar lá falando mal da reforma e os deputados aqui em Brasília assumindo o ônus da reforma”, disse.

O deputado propôs à Bolsonaro retirar do texto a reforma dos estados e dos municípios e sugeriu que regionalmente essas mudanças fiquem a cargo de governadores e prefeitos. Como resposta, o presidente disse que essa é uma questão “que o Congresso tem que analisar”, mas, segundo Paulinho, “colocou óbice a essa proposição”.

O presidente do Solidariedade disse ainda ter levado uma proposta alternativa de idade mínima: de 62 anos para homens e 59 para mulheres. O texto enviado ao Congresso propõe que trabalhadores do sexo masculino se aposentem aos 65 e para as trabalhadoras esse patamar seja de 62 anos.

“Com uma transição igual para todo mundo de 30%, não essa confusão que o Paulo Guedes inventou de dez fórmulas de transição. A gente faria 30% a mais do tempo de se aposentar para todos. Ele disse que essa discussão tem que ser travada lá na comissão”, afirmou.

PR

Em uma linha semelhante a de Paulinho, o presidente de honra do PR, Alfredo Nascimento, disse que o partido defende que as mudanças nas aposentadorias sejam mais brandas com categorias como dos professores e dos trabalhadores rurais. “O partido é favorável à reforma previdenciária, com alguns ajustes naturalmente. Não abrimos mão de defender os professores e temos de mexer também com o trabalhador rural”, disse.

Ele disse que o PR não faz parte da base aliada da atual gestão, adotará postura de independência e não fechará questão em torno da reforma previdenciária, apesar de ser favorável à mudanças no regime de aposentadorias.

“Nós não somos da base do governo e o partido não vai fechar questão em relação à reforma previdenciária e em relação a nenhuma outra reforma. Nós vamos organizar a legenda para que ela vote a favor das mudanças nas aposentadorias”, afirmou.

Novas reuniões

Na quarta-feira (10), Bolsonaro abrirá o gabinete presidencial para o PSL, o Novo, o Avante e o Podemos. Com a exceção do PSL, partido do presidente, as demais siglas apresentam resistência em aderir a uma coalizão governista.

Há três meses à frente do Palácio do Planalto, o presidente ainda não conseguiu formar uma base aliada, o que já o prejudicou em votações de interesse do governo. Ele sofreu derrotas, por exemplo, na derrubada de decreto que alterava a Lei de Acesso à Informação e na aprovação da proposta do orçamento impositivo.

A ideia é que, nos encontros com dirigentes partidários, ele ressalte que o Palácio do Planalto está aberto a receber demandas e sugestões das bancadas federais e que abrirá mais espaço na agenda presidencial para as siglas.

Nas reuniões, de acordo com assessores presidenciais, ele pedirá apoio a pautas governistas, como a reforma previdenciária, e deve sinalizar de maneira sutil interesse de que as siglas façam parte da base aliada.

O tom foi o mesmo adotado na semana passada, quando o presidente se reuniu com PSDB, DEM, PRB, MDB, PP e PSD, e não teve resultado favorável.

Fonte: Folha de São Paulo

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