PUBLICADO EM 02 de dez de 2018
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O homem que matou o facínora; filme de John Ford

A chegada do idealista e literato Ransom Stoddard a um território sem lei, típico do fim do século 19 nos EUA, representa o conflito entre os valores do Velho Oeste e o advento do progresso.

Por Carolina Maria Ruy

Em 1910, o senador Ransom Stoddard chega a uma pequena cidade para o funeral de uma lenda de outros tempos, Tom Doniphon. No filme, passado em flash back, Stoddard resgata histórias de sua juventude em entrevista ao repórter Maxwell Scott. O funeral o recorda da época em que era advogado na cidade e desejava usar a lei, e não a força, para deter o terrível pistoleiro Liberty Valance.

Ele se lembra de como conhecera Doniphon, respeitado caubói que insistia na lei do revólver. Doniphon e Stoddard eram dois opostos. Dois lados da mesma moeda. Um pela força, outro pela lei, ambos buscavam a justiça. Ambos ansiavam por dias melhores para aquele esquecido vilarejo. E ambos compartilhavam o interesse pela mesma mulher.

Tom Doniphon era o único homem cuja força e coragem eram reconhecidas por Liberty Valance. Mas a chegada do advogado Stoddard trouxe novos ares. Quando começa a dar aulas para o povo da cidade, Stoddard assume como lema: “A educação é a base para a lei e a ordem”. Ele desejava transformar o lugar em um distrito, mudança contrária aos interesses de Valance.

Mas a parceria de Stoddard e Doniphon, mesmo tensa, seria a solução para aplacar o facínora. O surpreendente duelo final marca a evolução social do lugar e a fundação de uma cidade.

Aquele território sem lei faz parte do imaginário estadunidense uma vez que, até a década de 1820, a maior parte dos territórios a oeste dos Montes Apalaches não era povoada. Ao longo da primeira metade do século 19, milhares de americanos e imigrantes europeus passaram a mover-se para o oeste, em direção aos novos territórios obtidos pelos Estados Unidos da Inglaterra, após a guerra da independência, e da França, após a compra da Louisiana. No fim do século 19, época em que se passa a história contada no filme, eram dominados pela lei das armas, realidade ainda comum na conquista do Oeste dos Estados Unidos.

Voltando a 1910. Ao final da entrevista para o jornalista Maxwell Scott, Stoddard revelou quem realmente matara Valance e pergunta: “Vai usar essa história, Mr. Scott?”. O jornalista, então, responde: “Este é o Oeste, senhor. Quando a lenda antecede os fatos, publique-se a lenda”.

O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance)

EUA, 1962

Direção: John Ford

Elenco: John Wayne, James Stewart, Lee Marvin, Edmond O’Brien, Vera Miles, Andy Devine, John Carradine, Lee Van Cleef

 

 

 

 

Carolina Maria Ruy, jornalista, coordenadora do Centro de Memória Sindical

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  • rita de cassia vianna gava

    Justiça na bala é mais jogo de poder do que justiça
    Hoje parte da sociedade resolvendo bala o que na maioria o preço é alto

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