Com grande consternação recebemos a notícia do falecimento do companheiro Wagner Gomes, vítima de um infarto fulminante, no dia 10 de agosto de 2021.
Wagner tinha 64 anos. Era novo, a considerar a atual expectativa de vida de um brasileiro como ele. Mais do que isso, sua disposição e seu humor era de alguém que estava na flor da idade.
Conhecedor da política e da história do movimento, ele sabia que para avançar precisava de um ideal no horizonte e dos pés na realidade. Foi com esse espírito que Wagner foi um dos maiores defensores da unidade de ação do movimento sindical. Nas reuniões de preparação para os atos dos 1ºs de Maio Unitários, por exemplo, ele trazia equilíbrio e lucidez. Sempre foi justo com todos, respeitando todas as centrais e imprimindo a marca política de sua central, a CTB.
Wagner conquistou esse equilíbrio entre idealismo, prática e amplitude através de sua história de vida. A história de um operário.
Interiorano de Araçatuba, ele chegou a São Paulo em 1970, aos 13 anos. Iniciou seu ativismo sindical em 1978 como funcionário da antiga Telesp. Foi operador de trens do Metrô, ajudando a fundar o sindicato da categoria em 1981 e tornando-se presidente em 1989 e depois em 2009. Foi também vice-presidente da CUT e o primeiro presidente da CTB, em 2007, quando da Central foi fundada, reeleito no segundo congresso em 2009. Ele também andou pela política, era da direção nacional do PCdoB e foi candidato ao Senado em 2002. Embora não tenha sido eleito, recebeu uma votação expressiva.
Era o secretário geral da CTB e estava organizando o 5º Congresso da entidade. Tinha presença garantida nas manifestações sindicais que nos últimos anos se levantaram contra o governo Bolsonaro, a má administração da crise sanitária e a luta pelo auxílio emergencial.
Nos últimos meses ele lutava contra a ameaça de perda da sede do seu Sindicato. Claro que todos nós estávamos ao seu lado, fazendo todo o possível para ajudar.
Mas, além de sua importância política e sindical, registramos aqui o bom amigo que ele foi. Dizer que ele foi um sindicalista muito querido e respeitado no movimento não é mera força de expressão. Ele foi um ser humano dos melhores. Brincalhão, gente boa com todo mundo, sempre com bom humor. De hábitos simples, gostava de ir ao estádio com os amigos ver seu time, o Santos, jogar.
Nesse momento de grandes dificuldades que atravessamos, com esse governo desastroso, crises de toda ordem e um crescente número de mortes precoces a perda de Wagner Gomes não foi apenas mais uma. Foi para nós uma perda inestimável, profundamente triste e sentida, que fará toda a diferença.
Frente a isso nos resta zelar por sua memória, manter viva a lembrança de sua amizade e, sobretudo, acesa a luta que deu sentido à sua vida.
São Paulo, 11 de agosto de 2021
Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
José Reginaldo Inácio, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Atnágoras Lopes, Secretário Executivo Nacional da CSP-Conlutas
Edson Carneiro Índio, Secretário-geral da Intersindical (Central da Classe Trabalhadora)
Ubiraci Dantas de Oliveira, Presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil)
José Gozze, Presidente da PÚBLICA, Central do Servidor
Mané Melato, Intersindical instrumento de Luta
Ivanir Fatima Perrone
Wagner sempre
Presente.