Norman Rae: se em alguns filmes o debate sociológico fica subjacente, em outros ele aparece como sua própria linha condutora. A construção do enredo do filme Norma Rae, por exemplo, está cravada no trabalho e na sindicalização em uma indústria de tecidos nos EUA.
Exibido a partir de 1979, época da Guerra Fria, e de grande efervescência nas organizações de esquerda, pode-se imaginar o impacto que o filme “”Norman Rae causou. A obra se consagrou como um dos clássicos sobre o mundo do trabalho. Sally Field, que vive a personagem que dá nome ao filme, figurou como modelo para militantes de esquerda da época.
O barulho, o pó a sujeira e a tensão
Os primeiros momentos do filme Norman Rae mostram o barulho ensurdecedor das máquinas, o pó que levanta dos tecidos, a sujeira das engrenagens, a tensão, a alienação na linha de produção. Fora da fábrica as relações parecem romper os ditames da sociedade. Aos trinta e um anos Norma Rae tem dois filhos de pais diferentes, é solteira e vive com seus pais.
Neste cenário surge Reuben Warshowsky, um sindicalista judeu e novaiorquino. Apesar de sofrer duplamente o preconceito, por ser sindicalista e judeu, junto com a nova amiga, a rebelde Norma Rae, que logo se engaja na luta sindical, ele consegue ser ouvido pelos trabalhadores, que são convencidos da necessidade do sindicato.
A Ação sindical
O filme Norman Rae cumpre seu papel na exposição das ações sindicais, mas não se aprofunda nos conflitos que marcavam o interior das próprias organizações e mostra os sindicalistas e militantes como salvadores, desprovidos de incertezas. Até mesmo seus erros parecem enaltecê-los. Enquanto Norma Rae veste a carapuça de heroína dos tempos modernos, Reuben não vacila em ditar “verdades e lições”.
Norma Rae é baseado na história real de Crystal Lee Sutton, que liderou uma campanha contra as condições de trabalho oferecidas pela J.P. Stevens Mill.
Norma Rae (Norma Rae)
EUA, 1979
Direção: Martin Ritt
Elenco: Sally Field, Beau Bridges, Ron Leibman, Pat Hingle
O filme recebeu os seguintes prêmios:
Cannes Film Festival
1979 | 2 vitórias, incluindo: Best Actress
Academy Awards
1980 | 2 vitórias, incluindo: Best Actress in a Leading Role
1980 | 2 nomeações, incluindo: Best PictureNational Board of Review
1979 | Vencedor: Best Actress
Writers Guild of America
1980 | Nomeado: Best Drama Adapted from Another Medium (Screen)
Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical. Do livro “O mundo do Trabalho no cinema”, publicado por Centro de Memória Sindical
Confira o trailer: