PUBLICADO EM 23 de maio de 2022
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No Pará, jornalistas começam jornada de lutas por reposição salarial

Na última sexta-feira (20), o Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor-PA), convocou a categoria para uma manifestação em frente ao Grupo Liberal, em defesa de uma reposição salarial justa. Com o ato, deu-se início à Jornada de Lutas, por salário digno e respeito ao trabalho dos jornalistas.

A campanha se dá depois de inúmeras tentativas de negociação com o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Pará (Sertep) e com o Grupo Liberal. Ambos se recusam a repor as perdas salariais dos anos de 2021 e 2022.

“Após algumas reuniões, a proposta final da Sertep foi apenas 5,5% de reajuste. Proposta indecorosa, abaixo da inflação do ano passado. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) somente de 2020/2021 a inflação somou 7,11%”.

Para pressionar o setor patronal, os jornalistas se reuniram em frente ao Grupo Liberal, e começaram a campanha de reposição salarial.

Leia a nota do sindicato na íntegra:

Nota do SINJOR/PA à categoria

Chega de esmolas! Queremos nossas perdas salariais de 26% já! Jornalistas merecem respeito!

O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA) vem publicamente responder à nota do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Pará (Sertep) e ao Grupo Liberal.

Desde o ano passado (2021), a nova gestão do SINJOR-PA – Sempre na Luta vem buscando as empresas individualmente, aquelas que tinham acordos coletivos com a entidade, casos do Grupo Liberal, Funtelpa e Grupo Diário/RBA, e o sindicato patronal para assinatura para convenção coletiva para as outras empresas de Rádio e Televisão na busca de repor as *perdas salariais da categoria que de 2018 a 2021 ultrapassavam 14%*.

Após algumas reuniões, a proposta final da Sertep foi apenas 5,5% de reajuste. Proposta indecorosa, abaixo da inflação do ano passado. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) somente de 2020/2021 a inflação somou 7,11%.

Além dos 5,5%, o sindicato dos patrões ainda quis mudar o mês da data-base para agosto, para assim não pagar os retroativos referentes aos meses de abril, maio, junho e julho; conceder um abono somente uma vez no ano para os trabalhadores; e reajuste do piso da categoria para R$ 1.650. Sem conceder nem ao menos a inflação de 2021, com uma armadilha para os jornalistas, o Sertep ainda enviou e-mail dizendo que “todas as perdas até 01 de agosto de 2021 serão consideradas quitadas”.

Em assembleia geral, no final do ano passado, os jornalistas do Pará não aceitaram a proposta e decidiram pedir intermediação do Ministério Público do Trabalho do Pará e Amapá (MPT-PA AP). A categoria aguarda agora mediação pelo MPT junto à Sertep.

Neste ano, os patrões continuam querendo quitar todas as perdas salariais (2018, 2019, 2020, 2021 e 2022) com apenas 5,5%. Somente no último ano de abril de 2021 a abril de 2022 alcançou 12%.

Essa prática costumeira do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Pará (Sertep) em acumular perdas ao longo dos anos para negociar parte do percentual repete-se nas negociações, o que vem empobrecendo a categoria e reduz o piso a inconcebíveis R$ 1.500. O piso do Sertep está somente R$ 288 acima do salário mínimo, e muito distante do que é recomendado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para os trabalhadores que é de R$ 6.394,76.

A atual proposta da Sertep de 5,5% está longe de representar reposição das perdas e muito menos um aumento efetivo do poder de compra da categoria.

Grupo Liberal

Ao longo dos últimos meses, o Grupo Liberal não respondeu as insistentes tentativas do SINJOR para uma contraproposta. Mesmo após uma reunião com a advogada do Grupo, e outro encontro com o presidente do conglomerado, que prometeu realizar um estudo de viabilidade financeira para conceder um reajuste digno para a categoria, o grupo se calou.

Sem nenhuma resposta, e com a suspeita de que haveria intenção do Grupo em desmembrar os jornalistas da TV Liberal e Rádio Liberal do Acordo Coletivo específico para seguir as regras da Convenção Coletiva da Sertep, com menos direitos e salário reduzido, o SINJOR buscou mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Somente após intimação do MPT, no último dia 9 de maio, os advogados do Grupo Liberal explicitaram que a proposta era a mesma do Sertep de 5,5%. Os advogados informaram que não poderiam “dar tratamento desigual para os jornalistas”, ou seja, o reajuste de 5,5% seria para todos os jornalistas do grupo impresso, portais, televisão e rádios.

Fato que se confirmou na véspera do ato convocado pelo SINJOR em frente à TV Liberal, para essa sexta-feira, dia 20, quando o conglomerado divulgou uma nota aos jornalistas informando que está concedendo aumento de 5,5%, como “adiantamento de maio de 2022”. A empresa ainda divulgou que a “decisão se deu em razão das dificuldades na negociação coletiva desta categoria”.

A direção do Grupo Liberal e seus advogados esquecem de dizer que tiveram cinco anos para reajustar o salário dos jornalistas por iniciativa própria. Tentam na véspera da manifestação dos jornalistas desmobilizar a categoria com migalhas. O Grupo Liberal e o Sertep querem esquecer o total de 26% de reajuste que devem aos jornalistas. Faltam ainda 21% de perdas salariais.

O Grupo ainda “esquece” de seguir a Lei Trabalhista ao não pagar as horas-extras dos jornalistas, já que não há acordo coletivo com a categoria. Além de ter suspendido as progressões de carreira, desde 2018, para os jornalistas após dois anos de casa. O Grupo Liberal esquece de dizer que o SINJOR está há um ano tentando negociar.

Após várias tentativas infrutíferas, os jornalistas decidiram ir para as ruas. O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (SINJOR-PA) não aceitará mais o rebaixamento dos salários e dos direitos da categoria.

Os jornalistas querem todas as perdas salariais!

Chega de desrespeito!

Queremos reajuste de verdade!

Fonte: Portal CTB

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