O Samba do Operário, interpretado por Nelson Sargento, embora tenha a mesma atmosfera da raiz do samba, aqueles dos anos de 1930 e 40, quando o próprio sambista se confundia com o operário, ele já traz uma mensagem mais sofisticada e menos ingênua.
Se nos primórdios o sambista sofrido sabia pouco além da própria experiência, dos sacrifícios para ganhar pouco, da dura jornada, da saudade do campo, neste samba da década de 1950, o operário é outro. É o trabalhador que o sambista observa e percebe a situação em que está inserido.
O discurso político de Samba fala sobre um sociedade desigual e sobre a exploração do trabalhador, alcançando, desta forma, uma dimensão sociológica que vai além do samba raiz.
O Samba do Operário
(Composição: Cartola, Alfredo Português & Nelson Sargento)
Intérprete: Nelson Sargento
Se o operário soubesse
Reconhecer o valor que tem seu dia
Por certo que valeria
Duas vezes mais o seu salário
Mas como não quer reconhecer
É ele escravo sem ser
De qualquer usurário
Abafa-se a voz do oprimido
Com a dor e o gemido
Não se pode desabafar
Trabalho feito por minha mão
Só encontrei exploração
Em todo lugar
Fonte: Centro de Memória Sindical
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