Os metroviários de São Paulo podem parar na próxima terça-feira (13). A decisão sairá em assembleia na véspera, dependendo de possível negociação com a empresa. Em março, a categoria realizou greve com duração de um dia e meio. A paralisação foi encerrada após pagamento de abono, com críticas dos metroviários ao governo estadual – que se repetem agora.
Segundo a presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, durante as negociações a companhia sinalizava com possível melhora na proposta, mas as conversas não foram adiante por decisão do governo. Ela reafirmou que a entidade continua aberta à negociação em busca de um acordo que evite a greve. Se a paralisação acontecer, Camila voltou a propor a liberação de catracas para a população.
Déficit de pessoal
Uma das principais reivindicações é de reposição de pessoal. Os metroviários estimam em 1.200 o déficit de funcionários em áreas como segurança, estação e operação de trens e de 650 nos setores de manutenção e logística. “Nós transportamos o triplo de passageiros do que no início dos anos 90”, lembrou. Naquele período, o Metrô contava com aproximadamente 10 mil funcionários, ante pouco mais de 7 mil hoje. O total de passageiros/dia foi de 1 milhão para 3 milhões. “Isso causa extremo desgaste, sobrecarga de trabalho.” Eles cobram abertura de concurso e contratações.
Os sindicalistas dos metroviários também veem com preocupação o chamado plano de contingência adotado pela empresa em situações de greve. “É um plano antissindical, que conspira contra o direito de greve. E arrisca a vida da população”, afirmou Camila, acrescentando que a companhia põe pessoas não treinadas para operar trens. Durante greve em 2021, um funcionário chegou a ser atropelado e sofreu fraturas.
Reajuste salarial
Na questão econômica, a proposta é de 4,52% de reajuste salarial, mesmo índice que seria aplicado no vale-refeição. O percentual corresponde à variação em 12 meses do IPC-Fipe, até a data-base (1º de maio). “A inflação dos alimentos está muito maior”, disse Camila, enquanto o vice-presidente, Narciso Soares, acrescentou que há defasagem salarial de anos anteriores. Para o vale-alimentação, o Metrô ofereceu R$ 583, o que significaria 24,8% sobre o valor atual (R$ 467). Além disso, proposta inclui participação nos resultados (PR) a ser paga em 2024, mas condicionada ao cumprimento total de metas. Outro ponto de discussão, em aberto, é relativo ao retorno de demitidos nas paralisações de 2019 e 2020.
Durante entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (6), Camila e Narciso enfatizaram que o sindicato continua aberto à negociação, mas lembraram que o governo do estado precisa mudar sua postura. Por enquanto, disse a presidenta, o Executivo “está apostando na confusão, no caos”.