PUBLICADO EM 05 de jun de 2023

Metalúrgicas de São Leopoldo (RS) realizam roda de conversa

Dezenas de trabalhadoras das fábricas da base do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL), no Rio Grande do Sul, participaram da roda de conversa das mulheres metalúrgicas, realizada na tarde do sábado (3), no auditório do Sindicato. Acolhimento, debate, mística e animação marcaram a atividade.

Logo no começo do encontro foi realizado o lançamento da bandeira do Coletivo de Mulheres do Sindicato. A diretora do STIMMMESL, Erenita Fernades dos Anjos coordenou o momento e destacou o símbolo que bandeira representa. “As entidades têm bandeiras e isso remete a uma mensagem para as pessoas, por isso pensamos na nossa bandeira, para mostrar a nossa identidade e nos fortalecermos”, afirmou ela.

Uma mensagem em vídeo da secretária de Mulheres da CNM/CUT, Maria de Jesus, foi transmitido para as trabalhadoras. Nele, a metalúrgica de Manaus salienta a necessidade de discutir as formas de violência contra as mulheres, seja no ambiente doméstico ou de trabalho. “Muitas mulheres procuram os sindicatos e ainda nestes espaços, são vítimas de violência”, declarou ela ao enfatizar, mais uma vez, que toda a forma de assédio contra as mulheres devem ser denunciada.

Assédio como ferramenta de gestão

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Mara Weber, falou sobre a atualização da Norma Regulamentadora (NR) 05 e assédios, moral e sexual. A dirigente iniciou a sua manifestação conceituando o capitalismo e a organização do mundo do trabalho neoliberal. “O mercado só pensa em lucro. Uma das formas do capital fazer a gestão do seu modelo produtivo se dá através da violência e existem diversas formas para isso, às vezes, sutis. Hoje, o assédio virou ferramenta de gestão”, declarou ela.

A dirigente também abordou como o trabalho afeta a saúde mental. “Precisamos ficar atentas ao sinais, na nossa saúde e muitas vezes, nas nossas colegas de trabalhos.” Mara contou que desde março, uma nova portaria alterou a nomenclatura de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) para Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio.

Entre as orientações, está a “inclusão de regras de conduta a respeito do assédio sexual e de outras formas de violência nas normas internas da empresa, com ampla divulgação do seu conteúdo aos empregados e às empregadas”.

Ela explicou os conceitos de assédio sexual e importunação sexual. A diferença é que no assédio há hierarquia, é praticado por alguém com um cargo superior ao da trabalhadora. Já na importunação, não há a questão da hierarquia, pode vir de um colega, por exemplo. “Casos de assédios, tanto moral como sexual, tem que denunciados, combatidos e discutidos”, enfatizou Mara.

Democracia no espaço de trabalho

Ao falar do Projeto de Lei 1085/23, que determina a igualdade salarial entre mulheres e homens na realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função, a dirigente ponderou que o PL é muito importante, mas que há questões para além disso. “As mulheres precisam ter condições e acessos iguais de acessar cargos melhores e de chefia, por exemplo. O ambiente de trabalho precisa ser democrático”, disse.

Mara também destacou formas de prevenir e combater o assédio. “O mundo está organizado para ser violento conosco. Mas nós, mulheres, somos muito importante e poderosas e a partir disso, precisamos fazer a construção coletiva de uma nova realidade”, finalizou.

Após a palestra, as participantes esclareceram suas dúvidas e se confraternizaram no coffee break oferecido pelo STIMMMESL.

Abertura: a mística de abertura foi realizada pela vice-presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS, Eliane Morfan, que leu o poema “Sou Feita de Retalhos”, da Cora Coralina.

O presidente do STIMMMESL, Valmir Lodi também esteve na abertura do evento, saudando as participantes e afirmando que terá outras atividades para as trabalhadoras.

Avaliação: a secretária de Prevenção e Saúde do(a) Trabalhador(a), Simone Peixoto afirmou que se surpreendeu com o sucesso do evento. “Foi um encontro muito produtivo com um debate fundamental para as mulheres se empoderarem no local de trabalho e o mais importante, as trabalhadoras gostaram e se sentiram acolhidas”, declarou Simone.

A metalúrgica aposentada, Sirlei Moura leu uma mensagem de encerramento e também destacou que a Roda de Conversa foi um ótimo encontro. “Certamente, hoje tivemos um indicativo que esses eventos precisam de mais tempo, para que possamos ampliar o debate e o apoio entre nós.”

Há o indicativo de uma nova atividade do Coletivo de Mulheres do STIMMMESL ainda este ano.

Confira a mensagem lida no encerramento: “Que estejamos presentes em memórias alheias. Que alguém já distante lembre do nosso sorriso e se sinta acolhido. Que o nosso bem faça bem ao outro. Que sejamos a saudade batendo no peito de uma velha amizade. Que sejamos o amor que alguém nunca esqueceu. Que sejamos um alguém que sorriu na rua e o desconhecido encantou-se. Que sejamos, hoje e sempre, uma coisa boa que mora dentro de cada um que passou por nós.”

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