PUBLICADO EM 29 de abr de 2022
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Marceneiro João Gava, um dos homens mais longevos da história de São Bernardo do Campo, morre aos 109 anos

Foto de 2013 tirada por Mariane Rossi

Nascido no antigo Bairro dos Meninos, atual Rudge Ramos, em 26/04/1913, João Gava, que morreu nesta sexta-feira (29), foi um dos homens mais longevos da história de São Bernardo e da colônia italiana.

Filho de João Francisco Gava, seu pai filho de italianos, o avô Santo Gava de origem de Veneza, no Veneto; carroceiro, e a mãe, Maria Jamengo Gava, camponesa, foi criado com oito irmãos: Angelo, Elisa, Tereza, Lidia, Olga, Albertina, Mário e Luiz.

A família ficou no Bairro dos Meninos e quando ele fez dez anos de idade mudaram-se para a Vila de São Bernardo numa casa situada na Rua Jurubatuba, esquina com a Rua Rio Branco. Logo começou a trabalhar na velha fábrica de móveis de José Pelosini, indicado  pelo vizinho, Antonio Dusi, logo aprendendo na prática o ofício de marceneiro.

Trabalhou também nas fábricas de móveis tradicionais da cidade, como dos Corazza, Coppini, Cassetari e outras. Passado algum tempo de serviços prestados como marceneiro, diante da insistência de um amigo aceitou abrir uma loja de eletrodomésticos em São Bernardo, vendia rádio, fogão a carvão, geladeira, ferro de passar roupa e máquina de costura da marca Singer movida à manivela.

Com a segunda guerra mundial entre 1939 e 1945, as importações acabaram, principalmente dos rádios cuja mercadoria era a que mais vendia e rapidamente, com os maiores ganhos de dinheiro. Partiu então para o ramo imobiliário, comprando e vendendo lotes de terrenos na cidade de São Bernardo  que estava em franca expansão pós-guerra. Comprava um lote por um conto de réis e vendia por um conto e duzentos, visto a evolução crescente da cidade.

Em depoimento dado ao Centro de Memória de São Bernardo do Campo, em 2013, Gava disse que nas décadas de 1920 e 30: “Eu saia da fábrica de tarde, ia em casa depressa, pegava a varinha, anzol, fazia uma massinha de pão, ia pescar lambari. Eu costumava pescar ali na ponte da Rua Rio Branco” (por onde passa o Rio dos Meninos, hoje canalizado). “Pescava lambari, pescava bagre, com a peneira a gente pegava camarão, camarãozinho pequeno de água doce. Minha mãe, outras mulheres, iam lavar roupa no rio. O primeiro carro que eu comprei, eu comprei do dono da empresa de ônibus S. Bernardo-Santo André. Paguei um conto de reis, era um Ford, que chamavam guarda-louça. Fechado de vidro, quatro portas, era de 1929. Naquele tempo não precisava carta, não precisava nada. Eu não sabia dirigir, mas devagarinho fui aprendendo, porque em São Bernardo as ruas eram todas desertas, era tudo terra”.

Morou mais de quarenta anos no clube de campo Anchieta, onde montou a sua marcenaria. Foi casado por três vezes. Enviuvou e teve apenas um filho, Antonio, da segunda esposa. Passou por duas pandemias. Era participante ativo do Centro de Memória da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Município. Quando completou 105 anos, pois foi montada uma exposição das peças que produz como marceneiro, como caminhões, carros, monjolos e outras mais para crianças, juntamente com vários documentos antigos de sua vida passada e que guarda com muito carinho.

João Gava visita o então prefeito de SBC, Luiz Marinho, em fevereiro de 2014

Fontes: São Bernardo Info Folha do ABC

 

 

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  • Rita de Cassia Vianna Gava

    Pensa numa pessoa que é exemplo de ser humano e dá orgulho…vendo o achamos que a humanidade vale a pena por gente assim

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