Por Michael Berkowitz
Ao invés de insultar nossa inteligência, nós somos apresentados a pessoas da classe trabalhadora realistas, exercendo seu ofício, arruinando seus relacionamentos e tentando sobreviver em um mundo que pega seu trabalho e os dá menos do que um meio de vida.
O enredo desse drama de trabalhadores tem mais tensão do que qualquer número de dramas de aventura falsos e estereotipados. Situações muito comuns ao nosso mundo socioeconômico envergonham as tramas inventadas que desviam o escrutínio do mundo real que nós habitamos.
Alex Russell (Margaret Qualley) tenta deixar seu parceiro alcoólatra, Sean Boyd (Nick Robinson), o pai de sua filha, Maddy. Sean claramente se preocupa com Alex. Mas ele é um alcoólatra praticante cujo padrão para Alex é o abuso. Ela foge com Maddy para um abrigo de mulheres, onde ela rapidamente aprende a complexidade de navegar pelos programas do governo, encontrar moradias permanentes acessíveis e garantir empregos com baixa qualificação.
Enquanto ela salta de uma situação perigosa e insustentável para outra, a família geralmente faz as situações piores. Sua mãe (interpretada pela mãe de Qualley na vida real, Andy McDowell) é uma sociopata delirante e autoritária. Seu pai, também um alcoólatra em recuperação que abraçou a religião, tenta empurra-la de volta para o relacionamento com Sean.
A tensão dramática da vida real é gerada pela luta diária de Alex para encontrar um lugar para ela e Maddy de três anos para dormir, ganhar dinheiro suficiente para alimenta-las e manter a custódia de sua filha. Como ela costuma limpar as casas dos ricos, sua própria situação é profundamente sentida.
Alex desliza, vacila, se acomoda. Ela não é uma super-heroína perfeita. Sob pressão, ela às vezes toma más decisões que ameaçam ela e Maddy. Entretanto, sua força de vontade e o amor por sua filha sustentam esperança e coragem.
A amizade e o apoio vêm de outras mulheres em sua situação e através de seu trabalho. Embora frequentemente excessivamente complexos e subfinanciados, os programas sociais oferecem uma promessa e uma corda de salvamento, um abrigo na tempestade onde ela pode recuperar o equilíbrio.
A criadora e produtora, Molly Smith Metzler adaptou o livro de memórias best-seller de Stephanie Land, “Maid: Hard Work, Low Pay, and a Mother’s Will to Survive”, em um olhar intransigente sobre os trabalhadores pobres. A escrita afiada é habilmente trazida à vida pelas habilidades peritas do elenco. Particularmente dolorosas são as interações entre Alex e Sean, e Alex e sua mãe, enquanto nós assistimos as fragilidades dos relacionamentos sob o estresse da deformação da pobreza.
Claramente, nós precisamos de mais histórias sobre como vivemos para nós construirmos de volta melhor uma nova sociedade.
Michael Berkowitz, um veterano dos direitos civis e movimentos antiguerra, trabalhou nos recalls de Wisconsin, no Occupy e em outros movimentos locais que prometem mudanças sociais.
Fonte: People´s World
Tradução: Luciana Cristina Ruy
Veja aqui o trailer de Maid:
https://www.youtube.com/watch?v=M4nrGje_pyc
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