PUBLICADO EM 22 de jul de 2022
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Lula: ‘Salário mínimo não aumenta mais, e povo está ficando empobrecido’

Oficializado como candidato, Lula prometeu resgatar as políticas sociais: “Não vamos tirar nada de ninguém, queremos os pobres com a mesma oportunidade”

Lula reafirmou seu compromisso contra as desigualdades, e deixou claro seu apoio a Danilo Cabral (PSB) como pré-candidato ao governo pernambucano – Foto: Reprodução/TVPT

Em ato público nesta quinta-feira (21), em Recife, Pernambuco, o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva disse que “o Brasil andou para trás”. E reafirmou que volta a disputar a Presidência para “cuidar do povo e mandar o Bolsonaro para a Cochinchina”. Ele lembrou que não foi apenas o Bolsa Família que retirou milhões de famílias da pobreza durante os governos do PT, mas destacou a política de valorização do salário mínimo.

“Antes, todos os anos vocês recebiam aumento do salário mínimo acima da inflação. O salário mínimo não aumenta mais, e o povo está ficando empobrecido”, disse Lula, que teve a sua candidatura à presidência oficializada também hoje, em convenção realizada em São Paulo.

O ex-presidente também criticou a precarização do trabalho nos últimos anos, consequência da “reforma” trabalhista durante o governo golpista de Michel Temer. “Nos governos do PT, criamos 22 milhões de empregos com carteira assinada. As pessoas tinham direito a férias e descanso semanal remunerado. Eram tratadas de maneira civilizada, porque foi uma conquista do povo trabalhador”. E criticou Bolsonaro, cuja “carteira verde e amarela”, retira ainda mais direitos sociais, além de impulsionar a criação de empregos.

Oportunidades para todos
O resultado, segundo Lula, é que a fome e a pobreza voltaram ao país. “Eu poderia não voltar (a ser candidato), mas que direito eu tenho de ficar em casa cuidando da minha Janja e da minha família, se tem milhões de pessoas que voltaram a não ter o que comer?”, disse. “A gente não via mais crianças pedindo esmolas nas ruas. As pessoas tinham arrumado emprego. Mas tudo voltou a ser uma desgraça na vida do povo pobre.”

Lula ainda citou a “raiva da burguesia” contra o PT quando o Congresso aprovou, em 2015, a PEC das Domésticas, que garantiu direitos trabalhistas às empregadas. “O único a votar contra foi Bolsonaro”, frisou. Ou ainda, com o Prouni e a política de cotas nas universidades, que “mudaram a cara” do ensino superior no Brasil, possibilitando a entrada de negros e negras e da população periférica. “Não vamos tirar nada de ninguém, queremos os pobres com as mesmas oportunidades”.

Apelo à unidade
Antes de Lula, também falaram o pré-candidato ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), a pré-candidata a vice, Luciana Santos (PCdoB), e a pré-candidata ao Senado Tereza Leitão (PT). Danilo chegou a ser vaiado por parte da plateia, que também reagia negativamente à menção ao seu nome pelos correligionários. Isso porque uma parte dos apoiadores lulistas apoiam o nome de Marília Arraes (SD) ao governo estadual.

Lula, no entanto, reiterou seu apoio ao pessebista. “Quero que saibam que no estado de Pernambuco, o meu governador tem nome. E é o Danilo Cabral, do PSB. Sou do tempo em que se fazia acordo com o fio do bigode”, afirmou. O candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin, também defendeu a chapa pernambucana. “Vamos nos unir para que a grande dobradinha do passado, Lula e Eduardo Campos, agora seja Lula e Danilo”.

O próprio pré-candidato Danilo Cabral comentou a insatisfação de parte do público, e disse que o momento exige “tranquilidade e serenidade”. Ele citou o compromisso político coletivo como forma de combater o mal maior, que é Bolsonaro. “O que nos une é que precisamos preservar a nossa democracia”.

O ato em Recife encerrou a agenda de Lula e Alckmin em Pernambuco, estado natal de Lula.

Lula e cultura em Recife
Durante a manhã, Lula participou de encontro com representantes da cultura pernambucana, no Teatro do Parque, também em Recife. Como vem fazendo em encontros desse tipo nas últimas semanas, reforçou o projeto de recriar o Ministério da Cultura (MinC), reativando as políticas públicas do setor.

Também voltou a destacar as potencialidades econômicas das atividades culturais. “Quero fazer com que a cultura seja um criador de investimentos e empregos. Qualquer evento cultural envolve um monte de gente, e isso significa emprego decente, que não precisa desmatar, invadir o Pantanal e a Amazônia”.

Em sua participação no encontro com Lula em Recife, a percussionista e ialorixá Mãe Bete de Oxum falou de racismo, que definiu como a “maior mazela que a humanidade já produziu”. Mas ressaltou que Lula “feriu de morte” o pacto das elites que impedia os pobres de terem acesso a políticas públicas. “Lula garantiu que os filhos das nossas mães e avós, das costureiras, lavadeiras e empregadas domésticas, disputassem as vagas nas universidades com os filhos das elites. Feriu de morte esse acordo. O senhor (dirigindo-se a Lula) olhou para o povo pobre desse país, oportunizou ao jovem negro adentrar a universidade e ter reconhecimento”.

Por sua vez, o escritor Sidney Rocha disse que Bolsonaro e seus apoiadores “são o ódio e o medo”, e pediu “a efetiva recuperação” das políticas de leitura no país. “Eles têm tanto medo do livro, que fundam clubes de tiro. Têm tanto ódio da educação e da cultura, que tiram as nossas crianças da escola”.

A artista circense Tita Alves disse que o circo chega em territórios que nenhuma outra política cultural alcança. Mas disse que os artistas itinerantes estão “perecendo” no atual governo. “A gente precisa do senhor”, disse a Lula, clamando pela volta do MinC. “Vamos reconstruir a democracia. Vamos renascer da arte”, ressaltou.

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