PUBLICADO EM 06 de maio de 2022
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Lula na Unicamp: Não queremos tomar lugar de ninguém. Queremos oportunidades

Em aula-magna na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) na noite desta quinta-feira (5),o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a destacar democratização do acesso às universidades como compromisso de um eventual novo governo seu. Ele lembrou que programas como o Prouni e o Fies causaram uma “revolução” no ensino superior do país, mais que dobrando o número de estudantes universitários. Antes do seu governo, disse Lula, “as universidades não tinham a cara do Brasil, mas das elites. Os pobres das escolas públicas não podiam sonhar com universidade. Era preciso acabar com essa contradição. “Não queremos tirar o lugar de ninguém. O que queremos é igualdade de oportunidades”.

“O Fies e o Prouni foram a revolução que permitiu que a gente saísse de 3,5 milhões de alunos na universidade para 8 milhões de alunos. Mais importante ainda, que a gente tivesse 51% dos estudantes negros e pardos pela primeira vez na história desse país”, disse Lula.

Ele reafirmou ainda que “educação não é gasto, é investimento”. Disse que “fica muito animado” quando alguém lhe diz que é o primeiro da família a cursar o ensino superior. Do mesmo modo, disse ter orgulho de ser o presidente que mais construiu universidades na história do Brasil.

Lula destacou, no entanto, que os investimentos nas áreas de educação e ciência e tecnologia foram praticamente “zerados” durante o governo Bolsonaro. Também criticou o atual presidente por não respeitar a autonomia universitária. “Até reitor eles não indicam mais o primeiro da lista. Eles indicam um que é amigo deles. Eu não quero ter amigo reitor. Quero ter reitor capaz de administrar as universidades brasileiras.”

Governar diferente
Aos estudantes, que lotaram o Teatro de Arena da Unicamp, Lula afirmou que não imaginava encontrar o Brasil, hoje, em piores condições do que quando chegou à presidência, em 2003. “Destruir sempre é mais fácil do que construir. Tentar criar políticas públicas que beneficiam o conjunto da sociedade é sempre uma luta. Mas para acabar com elas é um decreto, uma medida provisória”.

Ele atribuiu principalmente a Bolsonaro a piora nas condições de vida da população. “Ele não entende de absolutamente nada. Só entende de fake news e de miliciano. Uma pessoa que sequer se prestou a acreditar na ciência quando a pandemia chegou no Brasil. Seria tão mais fácil se a gente tivesse alguém com um pouco mais de humanismo, com sentido de fraternidade e espírito de solidariedade para governar o nosso país”, lamentou.

Assim, disse que pretende se candidatar novamente para fazer “diferente” do governo atual. Além disso, afirmou que pretender fazer “mais e melhor” do que foram os seus dois primeiros mandatos (2003-2010). “Eles têm que saber que a gente vai governar esse país diferentemente deles. Não vai ter esse negócio de teto de gastos. Não vai ter garimpo em terra indígena. E não vão arrebentar a cerca para o gado passar”.

Também se posicionou contra a privatização da Eletrobras. Destacou que a venda do setor elétrico inviabilizaria política públicas como o programa Luz Para Todos, que levou energia elétrica a 15 milhões de pessoas em áreas isoladas do país. “Eles dizem que é preciso economizar. Mas economizar para quê? Para pagar juros? A maior dívida que a gente tem nesse país é com o povo pobre, com as pessoas que estão abandonadas, com os indígenas e quilombolas”, ressaltou.

Fortalecer os Brics
Ao falar sobre política externa para o público presente na Unicamp, Lula sinalizou para o fortalecimento do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Para ele, a integração entre esses países é capaz de “mudar um pouco” a atual ordem econômica mundial, reduzindo a dependência do dólar. Contudo, ele destacou que a atuação de Bolsonaroe a guerra entre a Rússia e a Ucrânia fragilizaram o bloco mais recentemente. “Mas se preparem, se nós voltarmos, vamos fortalecer os Brics para que a gente possa não depender de apenas uma moeda”.

Por outro lado, Lula afirmou que o Brasil quer manter uma “boa política” com os Estados Unidos. “Mas a gente quer ser respeitado. A gente não quer que eles façam como fizeram com a Dilma, quando espionaram o governo brasileiro”. Nesse sentido, também defendeu a integração com os países da América Latina e destacou que o Brasil tem uma “dívida histórica” com a África.

Fonte: Rede Brasil Atual

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