Com a presença do cantor e compositor Chico Buarque, o candidato da coligação Brasil da Esperança, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve hoje (9) em ato de campanha por ruas do centro de Belo Horizonte. Em sua fala, Lula voltou a chamar o presidente Jair Bolsonaro “genocida”, lembrando a desastrosa atuação do atual governo no enfrentamento à pandemia de covid-19, que oficialmente deixou cerca de 680 mil mortos.
O termo foi usado quando Lula falava sobre sua proposta de política cultural a partir de 2023, caso vença o segundo turno das eleições, no próximo dia 30. “A gente vai criar o Ministério da Cultura com muita força.E a cultura não será mais vista como’ coisa de bandido’. A cultura vai ensinar esse povo a ter consciência política para nunca mais votar em um genocida”, afirmou. No governo Bolsonaro, o tema foi reduzido a uma secretaria.
Em seguida, o candidato adiantou que seu governo trabalhará pela universalização do acesso à produção e atividades culturais. No entano, que a gestão das políticas públicas para o setor serão descentralizadas, também de forma oposta ao que faz Bolsonaro desde o início de seu mandato. “Cada capital vai ter um comitê de cultura, e não ficar refém do eixo Rio-São Paulo. Queremos que a cultura seja nacionalizada, e que artistas de outros estados tenham oportunidade.”
“Amanhã vai ser outro dia”
Em sua participação na caminha de Lula por Belo Horizonte, Chico Buarque fez um discurso rápido ao subir no trio elétrico. Ele disse acreditar que, ao lado de Geraldo Alckmin, o futuro presidente “vai nos tirar desse buraco”. Em seguida, lembrando um dos clássicos da música brasileira que compôs – “Apesar de Você”, afirmou: “Vou repetir algo que disse em torno de 50 anos: amanhã vai ser outro dia.”
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A fala motivou o público a imediatamente cantar o refrão “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”, em referência direta a Bolsonaro. Chico compôs esta música durante o governo do ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), em protesto contra a ditadura militar.
Mulheres com Lula
Em seu discurso durante ao fim da caminhada em Belo Horizonte, na Praça Tiradentes, Lula também dedicou parte do tempo a apresentar sua plataforma de governo voltada para as lutas dos direitos das mulheres. O tema é uma das principais bandeiras da frente ampla que resultou na coligação Brasil da Esperança e ganhou reforço considerável com a adesão da presidenciável Simone Tebet, após esta ter chegado ao terceiro lugar no primeiro turno da eleição.
“Chega de feminicidio. Mulher não foi feita para ser objeto de mesa e cama. Mulher foi feita para ser sujeito da história”, afirmou no início do discurso. Ao fim, resumiu: “Mulher e homem. Trabalho igual, salário igual”.
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Mídia da Faria Lima
Antes da caminhada pelo centro de Belo Horizonte, Em coletiva de imprensa antes da caminhada pelo centro de Belo Horizonte, Lula mais uma vez foi questionado por jornalistas da mídia tradicional sobre seu projeto de governo na área econômica. Pergunta de repórter da TV Globo incluiu até mesmo um “o que você pode falar ao mercado?”, que cobra do candidato que antecipe quem será seu ministro da área num eventual terceiro mandato.
Lula rebateu a chantagem da mídia neoliberal, dizendo que sabe da “preocupação” da Globo. E ressaltou que, além de primeiramente é preciso ganhar as eleições, a proposta para política econômica em caso de vitória nas eleições, é previsível. “Primeiro tem que ganhar eleições para depois montar governo. Não se pode ficar exigindo programa de governo para um partido que já governou esse país por 13 anos, para um presidente que teve o mandato mais bem sucedido na economia. E eu vou lhe dar os números. Eu sei da preocupação da Globo com os números”, disse Lula antes de listar dados econômicos de seu governo.
“Quando assumi a Presidência em 2003, economistas, inclusive companheiros e companheiras da Globo, diziam que o Brasil estava quebrado, que não tinha conserto. A inflação e o desemprego estavam em 12%, nós tínhamos uma dívida interna de 60,5% do PIB e uma dívida com o FMI. A primeira coisa que a gente fez quando entrei no governo foi reduzir a dívida pública de 60,5% do PIB para 37,7%. Segundo, a gente trouxe a inflação de 12% para 4,5% que era o centro da meta durante todo nosso mandato. Nós geramos em 13 anos 22 milhões de empregos formais. Quarto: nós pagamos a dívida com o FMI, emprestamos 15 bilhões para o FMI – nós éramos devedores e viramos scredores – e conseguimos fazer ainda, pela primeira vez na história do Brasil, uma reserva que até hoje é a salvação da lavoura, que faz com que o país não quebre. Mais ainda, a gente teve um crescimento médio do PIB de 4,5% ao ano, que foi o mais importante crescimento”, emendou.
Em seguida, Lula, voltou a anunciar um de seus primeiros atos na área econômica, caso saia vitorioso nas eleições do próximo dia 30. “A primeira coisa que quero fazer é reunir, na primeira semana de janeiro, os 27 governadores de estados desse país, independentemente do partido. Porque quero discutir as principais necessidades de cada estado na infraestrutura e nos campos de educação e saúde. Para que a gente possa construir um novo PAC com a participação de prefeitos e governadores. É isso que vai fazer começar imediatamente obras de infraestrutura em todos os cantos para que a economia volte a crescer”.
Zema e o voto dos mineiros
Na mesma coletiva de imprensa em Belo Horizonte, Lula foi questionado sobre o apoio, declarado esta semana, do governador reeleito, Romeu Zema (Novo) à candidatura Bolsonaro no segundo turno. Em resposta, o ex-presidente frisou que ambos não podem pensar “que o povo é gado”. “Quero deixar bem claro que o governador Zema tem liberdade de apoiar quem ele quiser. Nem pensei que fosse diferente. A única coisa que tem que levar em conta é não pensar que o povo é gado. O povo tem consciência do que está acontecendo no país. Então é só tomar cuidado para não tratar o povo como rebanho e sim como cidadão de inteligência, consciente, sabendo do que quer”. respondeu.
Ao mesmo tempo que reelegeu Zema em primeiro turno por larga margem contra o candidato apoiado por Lula – Alexandre Kalil –, Minas Gerais também foi o único estado do Sudeste em que Lula teve mais votos que Bolsonaro no primeiro turno (48,43% a 43,20%, cerca de 6 milhões de votos a mais para o petista). Apesar disso, o representante do Novo preferiu declarar apoio ao candidato da extrema direita.
Fonte: Rede Brasil Atual