Segundo André Macedo, do IBGE, apesar do resultado positivo em fevereiro, a indústria acumula queda de 4,3% frente ao mesmo mês do ano anterior e recuo de 5,8% no acumulado de 2022. A taxa positiva no acumulado em 12 meses indica perda de intensidade, que vem ocorrendo desde agosto (7,2%), nessa comparação.
“Dois anos após o início da pandemia, a indústria ainda está abaixo daquele patamar. Isso pode ser explicado pelo desarranjo das cadeias produtivas, já que as indústrias ficaram com dificuldade de acesso à matéria prima e insumos. Pelo lado da demanda doméstica, há inflação alta, juros em elevação, mercado de trabalho ainda com contingente elevado de trabalhadores fora dele e a massa de rendimento que também não avança. São características que ajudam a entender esse cenário da indústria,” afirma.
No ano, a indústria acumula queda de 5,8% e, em 12 meses, alta de 2,8%. Frente a fevereiro de 2021, o recuo foi de 4,3%.
Ainda que discreto, o avanço da indústria em fevereiro teve taxas positivas nas quatro grandes categorias econômicas e em 16 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, as influências positivas mais importantes vieram das indústrias extrativas (5,3%), recuperando a grande queda que teve em janeiro (-5,1%), por conta do maior volume de chuvas em Minas Gerais e de produtos alimentícios (2,4%) com destaque para a produção de açúcar e carnes e aves.
Outras contribuições positivas vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (12,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,2%), metalurgia (3,3%), bebidas (4,1%), outros equipamentos de transporte (15,1%) e produtos de borracha e de material plástico (2,9%).
Macedo explica que “O mês de janeiro também é caracterizado por ter algum grau de redução de jornadas de trabalho e pelo movimento maior de férias coletivas. Em fevereiro, há o retorno normal ao trabalho, que impulsiona a produção do mês. Isso ajuda a entender o resultado positivo de fevereiro na margem da série”.
Já entre as dez atividades que tiveram redução na produção,produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,4%) tiveram os principais impactos no mês. A primeira eliminou parte do crescimento de 3,1% em janeiro, enquanto a última intensificou a queda no mês anterior (-1,8%).
Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital (1,9%), bens intermediários (1,6%) e bens de consumo semi e não-duráveis (1,5%) tiveram as taxas positivas mais acentuadas em fevereiro. Com esses resultados, as duas primeiras voltaram a crescer após recuarem -8,8% e -1,3%, respectivamente, em janeiro. Bens de consumo semi e não-duráveis marcou o quarto mês seguido de crescimento na produção, período em que acumulou ganho de 3,9%.
O setor produtor de bens de consumo duráveis (0,5%) também avançou em fevereiro, mas abaixo da média da indústria (0,7%). Vale destacar que esse segmento recuou 11,7% em janeiro de 2022 e eliminou parte da expansão de 18,6% registrada nos dois últimos meses de 2021.
Fonte: IBGE