Há anos jovens africanos, na rota migratória para a Europa, são vendidos em leilões como escravos em troca de resgate na Líbia.
Organizações sociais e as próprias vítimas já denunciaram várias vezes, com pouca repercussão. Só após a divulgação, pela rede CNN, de um vídeo mostrando essa triste realidade, o caso gerou uma onda de indignação na África e ganhou repercussão internacional.
Os presidentes Mahamadou Issoufou (Níger) e Roch Kaboré (Burkina Faso), da África ocidental, a região de origem da maior parte dos migrantes, solicitaram investigações e fizeram um apelo às autoridades líbias para que atuem. O Governo senegalês exigiu uma investigação pelo que o presidente malinês, Ibrahim Boubacar Keita, denominou de “barbárie que interpela a consciência de toda a humanidade”. Todos solicitaram à União Europeia, à União Africana e às Nações Unidas que intervenham de uma vez.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou-se “horrorizado” e cogita processar os responsáveis por crimes contra a humanidade. “A escravidão não tem lugar em nosso mundo”, disse Guterres na última segunda-feira, “isto nos recorda da necessidade de abordar os fluxos migratórios de maneira global e humana (…) e reforçar a cooperação internacional para reprimir os atravessadores e traficantes, e para proteger os direitos de suas vítimas”. O Governo de unidade nacional da Líbia anunciou a abertura de um inquérito.
No Twitter, as hashtags #stopslavery e #StopEsclavageEnLibye (“parem a escravidão” e “parem a escravidão na Líbia”) aglutinam mensagens de uma campanha espontânea, sob a liderança de artistas, intelectuais e ativistas que criticam a Líbia, mas também a União Europeia, acusada de cumplicidade com o regime desse país africano.
Fonte: El País