O sobrado, localizado na região central da cidade de São Paulo, que foi moradia da Marquesa de Santos entre os anos 1834 e 1867 foi revisitado hoje (17) pela antiga dona por meio de uma encenação da atriz Beth Araújo. No monólogo, Domitila de Castro do Canto e Melo, 152 anos após sua morte, tem um enfrentamento com o seu biógrafo e relembra os principais marcos de sua trajetória. O público que lotou uma das salas do antigo solar participou de uma das mais de mil atividades da Jornada do Patrimônio 2019 que ocorre até amanhã (18) na capital paulista.
A professora Cilene Santana, 39 anos, trouxe a filha Lavínia, 9 anos, para conhecer outras faces da história da famosa marquesa. “O que sabem dela é 10%, principalmente esses 7 anos que ela passou com Dom Pedro I [como amante]. Ela fez muito mais”, apontou Cilene. O monólogo “Marquesa de Santos: Verso & Reverso” apresenta uma mulher a frente do seu tempo, que foi violentada pelo primeiro marido e que, no segundo casamento, ousou estabelecer a separação total de bens para que cada um preservasse as suas fortunas.
“Ela foi a primeira mulher capitalista. Emprestou dinheiros a juros”, relembrou Paulo Rezzutti, escritor do espetáculo e autor do livro Titília e o Demonão, relançado hoje. A obra reúne mais de 90 cartas inéditas trocadas entre o imperador D. Pedro I e a Marquesa de Santos. Rezzutti conta que o Solar da Marquesa era um point no século 19. “[Ela fazia] festa no 7 de setembro, 11 de agosto, que era a data de criação dos cursos jurídicos no Brasil”, relata.
O prédio é um raro exemplar de residência urbana do século 18, embora não se saiba exatamente em que ano ele foi construído. Hoje, o local é sede do Museu da Cidade de São Paulo. Segundo informações do museu, “o pavimento superior conserva até hoje paredes de taipa de pilão e pau-a-pique do século 18 e mantém as características ambientais das intervenções do século 19, como forros apainelados, pinturas murais e artísticas e pisos assoalhados, entre outras”.
Jornada
De acordo com a prefeitura de São Paulo, esta edição da Jornada do Patrimônio tem 500 pontos de programação espalhados pela cidade. A primeira edição ocorreu em 2015. São mais de 400 roteiros históricos, 300 visitas a imóveis tombados, 210 oficinas e 50 sessões de cinema do Circuito SPCine. O evento convida a população a conhecer e explorar os pontos históricos e de memória e identidade da cidade. A proposta é ampliar e intensificar o sentido de pertencimento e de vínculos afetivos com a cidade e, assim, promover o respeito e a valorização da diversidade cultural.
A programação pode ser conferida no site da prefeitura de São Paulo.
Fonte: Agência Brasil