Essa música retrata a frustração e as dificuldades financeiras enfrentadas por aquele que trabalha arduamente, mas ainda assim recebe um salário insuficiente para viver bem.
Essa é uma situação comum em muitas partes do mundo, onde os trabalhadores enfrentam salários baixos em relação ao esforço e tempo dedicados ao trabalho. O padrão de vida também é modesto, desproporcional ao quanto se trabalha. Daí então ele usa o humor, característico da classe trabalhadora, para ilustrar toda essa situação: o zero, que sozinho representa nada, quando bem colocado, no caso à direita do número que expressa o valor do salário, multiplicaria os rendimentos do trabalhador.
Naquela época o capitalismo era coisa recente para o operariado brasileiro, e muito se cantou sobre as dificuldades de adaptação em um mundo desigual regido pela lógica da indústria.
Sobre Jards Macalé
Jards Macalé nasceu no dia 3 de março de 1943, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, nas imediações do Morro da Formiga, e cresceu rodeado de música: no morro, os batuques do samba; na casa ao lado, os vizinhos Vicente Celestino e Gilda de Abreu. Na residência dos pais, escutava os foxes, as valsas e as modinhas tocadas ao piano pela mãe, Lígia (que também cantava) e no acordeom, pelo pai.
Falta Um Zero No Meu Ordenado
(Composição: Francisco Alves/1948)
Intérprete: Jards Macalé
Trabalho como louco
Mas ganho muito pouco
Por isso eu vivo sempre atrapalhado
Fazendo faxina
Comendo no “China”
Tá faltando um zero no meu ordenado
Trabalho como louco
Mas ganho muito pouco
Por isso eu vivo sempre atrapalhado
Fazendo faxina
Comendo no “China”
Tá faltando um zero no meu ordenado
Tá faltando um zero no meu ordenado
Tá faltando sola no meu sapato
Somente o retrato
Da rainha do meu samba
É que me consola
Nesta corda bamba
Fonte: Centro de Memória Sindical
Rita de Cássia Vianna
Muito bom!