A avaliação dos quatro anos da gestão 2017-2021, que se encerra nesta quinta-feira (06/05), foi um dos momentos marcantes do primeiro dia de atividades do IX Congresso Nacional da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT). Dirigentes avaliaram que, apesar da conjuntura difícil no contexto pós-golpe de 2016, avanços foram conquistados.
Presidenta da confederação que reúne sindicados e federações de trabalhadoras e trabalhadores do ramo químico, Lucineide Varjão deixa o posto depois de dez anos.
Além da avaliação política, ela agradeceu centenas de manifestações de carinho e respeito que tem recebido nos últimos dias e que foram reiteradas por delegadas e delegados durante sua exposição no congresso: “Isso fortalece nossa luta”.
A direção cessante foi eleita em 2017. Enquanto acontecia o VIII Congresso Nacional da CNQ, sob o governo Michel Temer, a Câmara Federal aprovava a Reforma Trabalhista, que retirou direitos da classe trabalhadora e atingiu brutalmente a organização e o movimento sindical. Na outra frente dos ataques, o então juiz Sérgio Moro condenava injustamente o presidente Lula.
Pouco mais de um ano depois, Bolsonaro é eleito presidente. Em 2019, o Congresso Nacional desmonta a Previdência Pública em mais uma consequência da articulação golpista. No ano passado, a pandemia da Covid-19 assolou o mundo e, de forma mais mortífera, o Brasil, em decorrência do governo negacionista.
“Foi um mandato cruel para a classe trabalhadora, marcado pela recessão”, sintetizou Lu Varjão.
Conquistas
A presidenta, porém, listou uma série de conquistas da gestão na construção da luta da classe trabalhadora, como o fortalecimento do TID-Brasil e a articulação do Macrossetor da Indústria da CUT, que reúne os ramos químico, metalúrgico, da energia, da alimentação, do vestuário e da construção e madeira.
O intercâmbio com organizações internacionais é outro importante legado do mandato cessante da CNQ. Não por acaso, a abertura do IX Congresso Nacional foi marcada por saudações de entidades globais que atuam em prol da organização do movimento sindical: IG BCE (Sindicato Químico Alemão), BELKHIMPROFSOYUZ (Sindicato do setor de minérios da Bielorrúsia), FES – Fundação Friedrich Ebert, Centro de Solidariedade – AFL-CIO e a InsutriALL Global Union, que engloba 25 milhões de trabalhadoras e trabalhadores dos setores químico, têxtil e metalúrgico de 40 países.
A estruturação do setor de mineração junto à confederação e a abertura da sede em Brasília foram outros marcos da gestão elencados por Lu Varjão, que destacou o papel de todos os sindicatos no trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos.
Negociação e diálogo
Secretário-geral nos dois últimos mandatos e parte da gestão ao longo dos últimos 16 anos, Itamar Sanches anunciou sua despedida da direção da CNQ, reiterando o orgulho de ser petroleiro e o sentimento de alegria, apesar da conjuntura desfavorável, em razão do trabalho coletivo bem feito.
O dirigente destacou que os acordos coletivos firmados no ramo químico têm assegurado a manutenção dos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores.
Itamar pontuou ainda que o formato on-line de atuação, imposto pela pandemia, uniu os representantes da categoria e fortaleceu debates importantes, com atenção para questões de raça e gênero.
Fortalecimento
Da Secretaria Regional Nordeste, Lucíola Semião também fez um balanço positivo do mandato, pontuando que, diante da crise, o trabalho da diretoria e das secretarias possibilitou visibilidade para a CNQ e que os sindicatos seguissem fortes.
Também se despedindo da direção da confederação, ela apontou para a importância da atuação junto ao chão de fábrica e da representação efetiva dos reais interesses da classe trabalhadora.
Eleição
Pela primeira vez, a CNQ promove seu Congresso Nacional de modo 100% on-line, com o tema “Conectando direitos, emprego e democracia”. A eleição da nova diretoria da confederação será concluída nesta quinta-feira (06/05).
Ontem (05/05), no primeiro dia de atividades, delegadas e delegados já aprovaram mudanças e ajustes no estatuto da confederação.
Com origem no sindicalismo combativo, a CNQ, fundada em 1992, reúne 4 federações e 77 sindicatos afiliados, comprometidos com a liberdade e a autonomia sindical, além de pautas inadiáveis para a construção de uma sociedade justa, igualitária, fraterna e solidária.
Fonte: Confederação Nacional do Ramo Químico