Segundo o Ipea, o PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, deve crescer 1,6% neste ano e 2,9% em 2019. Na previsão anunciada três meses atrás, o instituto estimava altas de 1,7% e 3%.
Já no início deste ano, o Ipea projetava crescimento de 3% nos dois períodos.
De acordo com o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, o cenário se deteriorou ao longo do ano com a perda de confiança do mercado na continuidade das reformas e também com a greve dos caminhoneiros, em maio.
O economista afirmou que as projeções do instituto dependem da manutenção da crença de que o governo conseguir reverter o déficit nas contas públicas. Com as regras em vigor hoje, o Ipea prevê que somente em 2023 o Brasil terá superávit primário. “Caso não haja confiança em relação à política fiscal, essa trajetória fica comprometida”, disse Castro, que considera difícil manter o teto de gastos públicos sem rever as regras da Previdência Social.
Para ele, a questão fiscal é o que impede que a economia tenha uma retomada mais rápida, já que o Brasil tem alta ociosidade em sua capacidade produtiva.
“O cenário fiscal é o grande problema, é a grande barreira que tem impedido a retomada de ser mais intensa, mais forte, como a gente esperaria depois de um período de crise tão forte quanto o que a gente vive.”
PIB
Na projeção apresentada hoje pelo instituto, a indústria deve crescer 1,8% neste ano e 2,8% no ano que vem; os serviços terão expansão de 1,6% e 2,9%. A agropecuária deve cair 0,5% em 2018 e registrar expansão de 3,6% em 2019.
Segundo o estudo, a Formação Bruta de Capital Fixo (Investimentos) deve sair de uma queda de 1,8% em 2017 para duas altas, umade 3,3% este ano e outra de 4,6%, em 2019.
O consumo das famílias, na previsão do Ipea, crescerá 2% em 2018 e 3% em 2019. Já o consumo do governo deve cair 0,2% em 2018 e aumentar 0,5% em 2019.
Em relação ao mercado externo, as exportações devem ter em 2018 alta menor que em 2017. No ano passado, o crescimento foi de 5,2% e, em 2018, a previsão é de 4,2%. Para 2019, o Ipea espera expansão de 6%. As importações devem crescer 8,5% em 2018 e 6,8% em 2019.
Na avaliação do Ipea, a retomada da economia foi afetada transitoriamente pela greve dos caminhoneiros, no primeiro semestre, e parece já estar retornando à trajetória anterior à paralisação. Apesar do choque de oferta ocorrido em maio, o Ipea ressalta que agosto já apresentou crescimento.
No terceiro trimestre deste ano, o Ipea espera que o PIB cresça 1,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
Outros dados
O Ipea prevê inflação de 4,2% tanto em 2018 quanto em 2019 – em 2017, a taxa ficou em 2,95%. A taxa básica de juros da economia (Selic) deve fechar o ano em 6,5%, mas, na estimativa dos economistas do Ipea, subirá para 8% no ano que vem.
Quanto ao dólar, a projeção do Ipea é que a moeda americana termine 2018 cotada a R$ 4. No ano que vem, esse valor deve cair até R$ 3,80.
Fonte: Agência Brasil