Os preços da indústria variaram -0,30% em fevereiro frente a janeiro, a terceira menor taxa para este mês, desde o início da série histórica em 2014. O acumulado no ano atingiu -0,01%, também o terceiro menor para fevereiro desde 2014. O acumulado em 12 meses ficou em 1,38%.
Três dos setores de maior peso no índice tiveram redução de preços. O resultado, divulgado hoje (29) pelo IBGE, reflete, principalmente, a deflação no segmento de outros produtos químicos, atividade responsável por -0,21 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -0,30% da indústria geral. Ainda neste quesito, outras atividades que também sobressaíram foram refino de petróleo e biocombustíveis, (-0,20 p.p. de influência) e alimentos (-0,18 p.p.).
“A indústria química tem o maior impacto negativo muito por conta da queda de preços de produtos utilizados na lavoura: adubos e fertilizantes e os fungicidas. Isso se deve à redução da demanda e à estabilização de preços após as altas provocadas pela guerra da Ucrânia. A guerra desorganizou a oferta e agora que ela está se normalizando, os preços começaram a cair. O Brasil importa muito e segue os preços internacionais. Outro fator é que o real está apreciado em relação ao dólar, o que faz com que os produtos fiquem mais baratos em real”, analisa o gerente do IPP, Alexandre Brandão.
Outro destaque no campo negativo é a atividade de refino, segunda maior influência, com queda do óleo diesel em função da redução dos preços internacionais do óleo bruto de petróleo.
A terceira maior influência vem dos alimentos com queda dos preços da margarina e óleo de soja, como consequência da redução dos preços internacionais da soja. “No caso das carnes frescas ou refrigeradas, a queda deve-se ao bloqueio da China à carne bovina devido a ocorrência de um caso de vaca louca. A produção que não foi exportada foi pelo menos em parte direcionada ao mercado interno e os preços caíram”, diz Brandão.
Em fevereiro, 11 das 24 atividades industriais investigadas na pesquisa apresentaram variações negativas de preço ante o mês imediatamente anterior. O gerente do IPP diz que muitos produtos foram afetados pela apreciação do real frente ao dólar. “Mas outros produtos com variação negativa responderam pela própria dinâmica do próprio mercado”, ressalva o gerente do IPP.
Por outro lado, no campo positivo, sofreram altas setores como vestuário (4,91%); indústrias extrativas (3,00%) e bebidas (1,79%). No caso do vestuário, há relação com mudanças de coleção. Já no caso das bebidas, normalmente os preços aumentam no início do segundo semestre. “Mas neste verão intenso houve uma demanda maior e os preços subiram”, completa Brandão.
Ele destaca que, analisando-se o período de pandemia, entre março de 2020 e julho de 2022, houve 28 meses em que os preços aumentaram e apenas em dezembro de 2021 os preços caíram. Desde agosto o movimento é o oposto.
“De agosto até fevereiro, foi o contrário: houve seis meses de queda de preços e apenas janeiro de 2023 registrou aumento. Há um movimento de redução de preços, o que tem a ver com normalização das cadeias de produção”, conclui Brandão.
Saiba mais sobre o IPP
O IPP, cujo âmbito são as indústrias extrativas e de transformação, tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no País. Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Coletam-se cerca de 6.000 preços mensalmente. Adotando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 2.0, o IPP gera indicadores para 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação, além de reorganizar os mesmos dados em grandes categorias econômicas, abertas em bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis e semiduráveis e não duráveis). Os resultados podem ser consultados no Sidra.
Fonte: IBGE Notícias