Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação, divulgado hoje (5) pelo IBGE. Os valores acumulados são os maiores de toda a série do IPP iniciada em janeiro de 2014.
Em novembro, 19 das 24 atividades analisadas apresentaram variações positivas na comparação com o mês anterior. Mas a grande responsável pela elevação do índice foi a atividade alimentar (2,76%).
“O setor representa cerca de 25% do peso do IPP, porém, em novembro, ao juntar a variação com o peso, a contribuição no resultado foi de 0,71 ponto percentual dentro dos 1,39%, ou seja, um pouco mais da metade do resultado. E este já é o quinto aumento consecutivo de preços dos alimentos, que acumulam, no ano, um crescimento de 32,01%, o maior desde 2010, e, em 12 meses, de 35,19%”, ressalta Manuel Souza Neto, gerente do IPP.
Ele explica que, mesmo com o recuo do dólar em novembro (3,7% em relação a outubro), o mercado externo continuou impactando os preços do setor, mas também houve influência de fatores atrelados ao mercado interno.
“No caso do leite, por exemplo, a oferta nas bacias leiteiras foi muito instável, em um ano no qual o clima não foi propício, e a demanda também se manteve instável por conta do isolamento social. Já outros produtos dentre os que mais influenciaram o resultado, como os derivados de soja e cana de açúcar, foram impactados pela entressafra, em um ambiente de alta de preços no mercado externo”, esclarece o pesquisador.
Outras atividades que tiveram grande influência no resultado do IPP foram as de refino de petróleo e produtos de álcool (0,15 p.p.), de metalurgia (0,14 p.p.) e de borracha e plástico (0,13 p.p.). Mas as maiores variações foram observadas em móveis (4,03%), borracha e plástico (3,58%), fumo (-2,91%) e alimentos (2,76%).
As indústrias extrativas, que haviam acumulado sete resultados positivos até outubro, tiveram variação negativa em novembro (-2,05%). Com isso, o índice acumulado no ano para esta atividade recuou de 50,31%, em outubro, para 47,23%, em novembro. E, no acumulado em 12 meses, houve também um recuo: de 53,64% para 43,52%.
Já a indústria química (0,79%) apresentou o quinto aumento consecutivo, mas a menor variação positiva no ano. O setor acumulou uma variação positiva de 23,04% de janeiro até novembro de 2020, bem superior (28 p.p.) ao mesmo período de 2019 (-4,89%), sendo o segundo maior da série do IPP, inferior apenas ao de novembro de 2018 (23,35%). Em 12 meses, a atividade alcançou 20,90% de alta.
Fonte: IBGE
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