Os dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda revelam uma aceleração da inflação, em fevereiro, para todas as classes de renda pesquisadas, especialmente para o segmento de renda alta, cuja taxa avançou de 0,34% para 1,07% entre janeiro e fevereiro (tabela 1). No caso das famílias de renda muito baixa, a alta observada de 1,0%, em fevereiro, contribuiu para que esse grupo apresentasse a maior taxa de inflação acumulada em doze meses (10,9%), bem acima da registrada pela classe de renda alta (9,7%). Enquanto a alta do grupo alimentação e bebidas constituiu-se no principal ponto de pressão para os segmentos de renda mais baixa, os reajustes do grupo educação foram os principais focos de pressão inflacionária para as famílias de renda mais elevada.
Nos últimos doze meses, para as famílias de renda mais baixa, a maior pressão inflacionária reside no grupo habitação, impactado pelos reajustes de 28,1% das tarifas de energia elétrica e de 27,6% do gás de botijão. Já para o segmento de renda mais alta, o foco está no grupo transportes, refletindo os aumentos de 32,6% da gasolina, de 36,2% do etanol e de 27,7% do transporte por aplicativo. Adicionalmente, o comportamento dos alimentos no domicílio, em especial os reajustes de 8,6% das carnes, de 19,6% de aves e ovos, de 43,8% do açúcar e de 61,2% do café, também provocou impactos altistas significativos sobre a inflação no período, sobretudo para as camadas de renda mais baixa.