A indústria da construção no Brasil registrou um valor total de R$439,0 bilhões em incorporações, obras e serviços em 2022, conforme revela pesquisa divulgada hoje (29) pelo IBGE. Deste total, R$415,6 bilhões foram provenientes de obras e serviços, enquanto R$23,5 bilhões foram gerados por incorporações.
O setor mostrou um crescimento significativo, com um aumento de 17,9% no número de empresas em comparação com 2021, atingindo 174,7 mil empresas de construção, o maior crescimento desde 2013. A indústria empregava 2,3 milhões de pessoas em 2022, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior.
Impactos e Resiliência
O analista da pesquisa, Marcelo Miranda, destacou os desafios macroeconômicos enfrentados em 2022, incluindo os efeitos persistentes da pandemia de Covid-19. Apesar das dificuldades, a indústria da construção demonstrou resiliência, impulsionada pela demanda estável por moradias e pela retomada gradual das atividades econômicas.
“A construção civil desempenhou um papel crucial, ajudando na geração de empregos e impulsionando setores relacionados, como materiais de construção e infraestrutura. Contudo, a inflação elevada e a volatilidade dos preços de insumos pressionaram os custos, impactando os consumidores finais”, explicou Miranda.
Políticas Públicas e Investimentos
Miranda enfatizou a importância das políticas públicas e dos investimentos em infraestrutura para o crescimento do setor. “Medidas de incentivo e programas habitacionais foram fundamentais para estimular o setor, destacando a interdependência entre a conjuntura econômica e a construção civil em 2022”, afirmou.
Crescimento dos Serviços Especializados
O segmento de serviços especializados para construção destacou-se com um crescimento de 6,5 pontos percentuais desde 2013, alcançando 23,9% de participação no valor total de obras e serviços (R$105,1 bilhões). Este segmento também se tornou o segundo maior empregador, com 770,3 mil pessoas, um aumento de 134,4% desde o início da série histórica.
Perda de Postos de Trabalho
Apesar do crescimento recente, a indústria da construção perdeu 21,9% dos postos de trabalho em dez anos, com uma redução de 650,4 mil empregos desde 2013. Em 2022, o segmento de construção de edifícios continuou a ser o principal empregador, seguido por serviços especializados e obras de infraestrutura.
Setor Privado e Público
O setor privado foi o principal demandante de obras e serviços, representando 69,8% do valor total em 2022, enquanto a participação do setor público caiu para 30,2%. No entanto, houve um aumento na demanda pública em 2022, após quatro anos de queda.
Concentração e Distribuição Regional
A concentração das maiores empresas da construção caiu para 3,5% em 2022, a menor taxa da série histórica. A distribuição regional mostrou que a construção de edifícios foi o segmento predominante em 16 estados, enquanto obras de infraestrutura lideraram em 11 estados. O Sudeste manteve a maior participação no valor de obras e serviços, seguido pelo Nordeste e Sul.
São Paulo permaneceu como o estado com maior valor de incorporações, obras e serviços, enquanto o Rio de Janeiro caiu para a terceira posição, sendo superado por Minas Gerais. O Paraná e Santa Catarina também mostraram crescimento significativo, alterando o cenário regional.
A pesquisa do IBGE destaca a relevância da indústria da construção na economia brasileira, evidenciando os desafios e as oportunidades do setor em um ano de recuperação econômica e adaptação às novas realidades pós-pandemia.
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