PUBLICADO EM 23 de fev de 2024
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Guerra da Ucrânia pode ser o sintoma de uma nova ordem mundial

Guerra da Ucrânia: Mapa mostra fronteira da Rússia com a Ucrânia. Países estão em guerra desde 2022. Arte: Agência Brasil

Guerra da Ucrânia: Mapa mostra fronteira da Rússia com a Ucrânia. Países estão em guerra desde 2022. Arte: Agência Brasil

Em entrevista concedida a TV Pão com Ovo nesta quinta (22), sobre os dois anos da Guerra da Ucrânia, o professor de Relações Internacionais da UFRRJ Caio Bugiato afirmou que o conflito na fronteira russa pode ser o principal sintoma da decadência da ordem mundial que teria os Estados Unidos como o centro do poder hegemônico mundial.

“A pergunta que todos estão se fazendo, assim como a pergunta mais objetiva de quando virá a paz na Ucrânia, é: estamos vivendo a decadência da ordem mundial liderada pelos Estados Unidos e estamos nos encaminhando para uma nova ordem mundial? Tem muitos indícios que dizem que sim. As guerras como a da Ucrânia, guerra em Israel, revoltas na África, nos vão dando o entendimento de que existe um grupo que está descontente com essa ordem há muito tempo na verdade, só que eles estão com condições de se rebelar”, avalia o professor. 

Sinais da decadência da pax americana 

A China como potência econômica com um projeto anticapitalista, o governo Putin que afronta o Ocidente, a expansão do BRICs são, para Bugiato,  sinais de uma contestação à ordem mundial estabelecida após as guerras mundiais do início do século XX. 

A maior militarização desde a Segunda Guerra Mundial

Para ele, essa mudança da ordem mundial vem acompanhada do aumento da militarização. “Um dado dessa semana ou passada, aponta que o maior nível de gastos militares dos países no mundo desde a segunda guerra foi atingido em 2023. Se a gente está vivendo essa transição de poder mundial, pode ter certeza que não será uma transição pacífica. Os Estados estão aumentando seus gastos militares, isso significa que ninguém vai cair sem lutar e ninguém vai ascender sem lutar”, afirma.

Brasil bem colocado na geopolítica multipolar

O professor enxerga a Guerra da Ucrânia como o principal sintoma da decadência do Ocidente em não conseguir dar à Ucrânia uma vitória no campo de batalha, que cada vez mais fica desenhada para a Rússia. Ele prossegue apontando como outros sinais dessa decadência “uma ascenção chinesa, uma aliança sino-russa, os BRICs se expandindo”.  Sem querer fazer exercícios de adivinhação do futuro, ele fala das tendências para os próximos anos. “Parece que o mundo caminha para uma multipolaridade, talvez vamos viver nos próximos dez ou vinte anos uma ordem multipolar, com os Estados Unidos ainda na jogada, Índia que pouco se fala mas inclusive recentemente acabou de colocar um módulo não tripulado na Lua, e Rússia e China, talvez um mundo com quatro grande potências, e o Brasil que me parece vem fazendo o correto que é se aproximar do sul global e da China”, pontua.  

Veja aqui a entrevista:

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