Vigilantes sanitários, professores, médicos, assistentes sociais, entre outros trabalhadores do serviço público de São Paulo, reivindicam a revogação da Lei das reforma da previdência (Lei nº 17.020/18) , que aumentou a contribuição previdenciária de 11% para 14%, estabeleceu o mesmo teto de benefícios de aposentadoria do Regime Geral de Previdência Social (R$ R$ 5.882,93 em 2019) e criou um sistema previdenciário de capitalização para os servidores que ingressarem no funcionalismo – o Sampaprev.
Sancionada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB-SP), a Lei que foi aprovada por 33 vereadores liderados por Milton Leite (DEM) a toque de caixa nos últimos dias de 2018, é considerada um verdadeiro confisco de salários pelos servidores públicos de São Paulo.
A diretora do Sindicato dos Médicos de SP, Juliana Salles, que também é membro da Executiva Nacional da CUT, gritou em alto bom som em direção às janelas da Prefeitura: “Não vamos tolerar que nosso direito à previdência seja retirado nem no município de São Paulo nem no Brasil”.
“Vamos morrer trabalhando! É impossível homens e mulheres trabalharem até 65 anos e, se quiserem receber o benefício completo trabalhar 40 anos direto, como quer o governo Bolsonaro,” disse Juliana se referindo a Proposta de Emenda Constitucional – PEC da reforma da Previdência, que o governo de extrema direita deve encaminhar ao Congresso Nacional até o fim deste mês.
“A nossa luta é pela dignidade”.
O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, concorda com a dirigente. Ele diz que esse ataque aos servidores na capital paulista é um ensaio para aprovar a reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
“Nós temos a compreensão do que significa a luta dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade de São Paulo. Ela é estratégica para evitar a implementação dessa atrocidade no resto do Estado e no Brasil”.
“E pra nós é estratégico nos unirmos e derrotarmos esse projeto que só prejudica os trabalhadores e a população”, disse Douglas, que complementou: “A CUT tirou uma resolução de apoio aos servidores e todos os sindicatos filiados à Central, com base em SP, estão junto na luta”.
A luta
O Fórum das Entidades Sindicais do Sistema de Negociação Permanente, entre elas o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (SINDSEP), está pedindo uma revisão geral salarial de 10% para os servidores ativos, aposentados e pensionistas, a valorização dos serviços públicos e dos servidores públicos e o incentivo para o desenvolvimento dos profissionais.
“A população precisa estar esclarecida que há mais de 20 anos a prefeitura aplica uma reposição da inflação a qual todo mundo tem direito, de 0,01%. Isso significa que todo ano nós temos perda de poder aquisitivo. Então aqui ninguém tá lutando pra ter benefícios, pra ter regalia. Nós estamos lutando pra ter o mínimo de dignidade e ter o direito de aposentadoria segurado”, disse Thiago Cavalo.
A professora Elisabete Maciel disse que é um absurdo as mentiras que o prefeito e um segmento da mídia vêm dizendo sobre os servidores.
“Eles estão tentando manipular a população contra nós dizendo que os servidores têm privilégios e ganham mais de 10 mil reais. É uma mentira!”.
“Eles deveriam tirar os privilégios deles, que têm salários de mais de 30 mil, com auxílio moradia e a gente não tem auxílio algum, pelo contrário. Eu tenho é muito desconto no meu salário! Esse governo é superinjusto e eu só vou conseguir revogar esses 14% na rua, lutando!”, finalizou a professora Elisabete.
Várias reuniões entre o movimento grevista, o prefeito e seus representantes já foram cancelas e a justificativa é que eles estão atendendo a população.
“E nós somos o que?”, questionou o presidente do SINDSEP, Sérgio Ricardo Antiqueira.
“Nós queremos ser ouvidos e dizer que o que fizeram em SP é um atentado contra os direitos”, reforçou Sérgio.
Para colocar medo nos servidores, segundo o presidente do SINDSEP, o prefeito Bruno Covas implantou um sistema de delação na prefeitura e está pedindo para que os trabalhadores que não aderiram à greve anotem os nomes dos colegas e entreguem a ele.
“Esse tipo de ação é pra colocar medo nos trabalhadores e nas trabalhadoras e ele [o prefeito] achou que isso ia enfraquecer o movimento, muito pelo contrário disse ele”.
Segundo Sérgio, no dia 4 o movimento tinha 20 mil pessoas e hoje mais que dobrou.
“Vamos sair daqui mais fortes ainda. Vai ter que atender os servidores que estão aqui pra lutar! Toda vez que não atende, o movimento cresce. Na próxima assembleia, dia 13, vai ficar maior ainda”, afirmou.
Logo após a assembleia, os servidores foram em caminhada pelo largo São Francisco, Brigadeiro Faria Lima até a Avenida Paulista, em frente ao MASP.
Todo dia é dia de luta
A próxima assembleia será na quarta feira 13/02, na frente da Prefeitura, às 14 horas. Mas, segundo o SINDSEP, até lá os servidores vão continuar a mobilização para ampliar o movimento.
Já nesta sexta feira, dia 08/02, terá atos por toda a cidade para denunciar as intenções da prefeitura de SP e do governo federal, de aprovar uma reforma geral da previdência que ameaça a aposentadoria de todo o povo.
Fonte:Portal CUT