PUBLICADO EM 20 de jul de 2022
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Governo Federal desfalcou Força Nacional no Vale do Javari

No período de buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips – de 8 a 13 de junho – Ministério da Justiça enviou apenas 13 agentes. O menor destacamento de todo o ano

Quando Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram, o governo desfalcou a Força Nacional em vez de reforçar – Foto: Reprodução

O Ministério da Justiça e Segurança Pública desfalcou a Força Nacional no Vale do Rio Jaguari (AM) durante o período de buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Dos dias 8 a 13 de junho, apenas 13 agentes estavam na região – o menor efetivo empregado pela pasta desde o início do ano. Os dois, que faziam uma incursão pela área dominada pela pesca ilegal e tráfico de armas e drogas próximo a território indígena, desapareceram em 5 de junho. Seus corpos só foram localizados 10 dias depois.

Segundo o The Intercept Brasil, no dia em que Bruno e Dom – sabe-se hoje – foram surpreendidos, mortos, esquartejados e enterrados em uma emboscada, havia 14 agentes da Força Nacional no Vale do Javari. Tal efetivo se manteve até a terça-feira seguinte ao crime. Mas o Ministério de Justiça retirou de lá um de seus agentes justamente enquanto o Exército protelava para dar início às buscas, apesar das pressões de órgãos nacionais e internacionas de direitos humanos e ambientalistas.

O efetivo é o mais baixo do ano, que costumava variar de 15 a 19 policiais, segundo O Intercept, que teve acesso a dados por meio da Lei de Acesso à Informação. Mesmo assim, ainda é insuficiente. O Vale do Javari, segunda maior reserva indígena do Brasil, tem mais de 85 mil hectares e abriga 26 povos indígenas, a maioria deles isolados. A região passou a fazer parte da rota do tráfico internacional, de garimpeiros e da pesca ilegal.

Buscas por Bruno e Dom
Tanto é insignificante e poderia ser maior, que em 2020, quando o governo do Ceará pediu apoio da Força Nacional, o ministério enviou 300 agentes. Isso demonstra a capacidade de deslocamento de um efetivo muito maior em emergências, como era o caso das buscas por Bruno e Dom.

A Força Nacional é uma espécie de tropa de elite das polícias estaduais, colocada à disposição permanente do Ministério da Justiça. São policiais militares e civis, bombeiros militares e profissionais de perícia dos estados e Distrito Federal cedidos ao governo federal por até dois anos. Atua em “atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública, à segurança das pessoas e do patrimônio, atuando também em situações de emergência e calamidades públicas”.

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, “na força-tarefa montada para a realização das buscas, foram empregados mais de 250 servidores públicos – entre bombeiros, policiais federais, Força Nacional e militares, duas aeronaves, três drones, 16 embarcações e cerca de 20 viaturas”. Mas conforme o Intercept, a pasta não respondeu sobre os motivos de mandar o menor efetivo do ano ao local.

Fonte: Rede Brasil Atual

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