A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República neste ano de 2022 precisa estimular um reflexão urgente para o novo governo: como usar a máquina do poder público para garantir verdadeiramente o poder ao povo.
A avaliação é do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência no governo Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho. Em participação no podcast Três por Quatro, produzido pelo Brasil de Fato, ele defendeu um “novo padrão de governança”, que precisa colocar a participação popular como essencial.
“Quem viveu o processo do impeachment [da Presidenta Dilma Rousseff em 2016] – e a facilidade com que eles nos derrubaram – não pode ter ilusão. Não pode achar que porque ganhamos uma eleição está tudo resolvido ou nós vamos resolver sozinhos.”
Carvalho pontuou que a organização popular e orgânica que se formou em torno do projeto progressista, representado pela candidatura de Lula, será essencial para o enfrentamento de um cenário “complexo, difícil e desafiador”. Nas palavras do ex-ministro, esse movimento “não pode voltar para casa” e precisa ser estimulado.
“Nesses momentos vale a pena a gente reafirmar que nosso governo não poderá perder um segundo, um minuto sequer com burocracias, com falsas ilusões, que nós já tivemos, de achar que a ocupação desse espaço institucional vai resolver tudo. A minha reflexão neste momento é um chamado para um novo padrão de governança, para um novo jeito de governar, que tem que levar em conta que, ao lado da ocupação desse espaço do poder Executivo e da governabilidade com o Legislativo, nós precisamos usar o governo para fazer avançar o verdadeiro poder do povo”, enfatizou.
Ainda segundo ele, a vitória de Lula foi permitida pela resiliência do povo brasileiro: “Foi a resistência das pessoas e a sabedoria do povo”. Para Gilberto Carvalho é hora de renovar o questionamento, “para o que que nós viemos fazer política? E aí, entra a questão dos pobres, dos excluídos, daqueles que são vítimas desse processo de perseguição e exclusão”.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurai Sem Terra (MST), o economista e comentarista do podcast João Pedro Stédile, ressalta que o novo governo de Lula terá pouco tempo para apresentar um plano de emergência que dê conta dos grandes problemas acumulados nos últimos quatro anos: a fome, o desemprego e o desmonte na saúde e na educação.
Para isso, Stédille afirma que a participação dos movimentos populares no governo de transição será fundamental. “O governo terá que fazer um plano de emergência para os primeiros seis meses, para que a população note que houve mudanças e não perca tempo com esse debate ideológico que os fanáticos vão querer manter na pauta.”
A temporada sobre as eleições 2022 do podcast Três por Quatro teve 11 episódios. Clique aqui para conferir todo o material.
Fonte: Rede Brasil Atual