De acordo com a presidente do Conselho de Relações de Trabalho da Fiemg, Érika Morreale, a assinatura da convenção representa um movimento econômico importante para Minas Gerais e, ainda, um referencial devido às tratativas coletivas que unificam concessões e contrapartidas pleiteadas por 14 sindicatos patronais, 21 sindicatos de trabalhadores, além das centrais sindicais Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), que foram representadas por meio de suas federações estaduais.
“No aspecto econômico, o impacto financeiro no Estado é grande porque o reajuste ocorre na massa salarial de mais de 100 mil trabalhadores. Além disso, quando uma categoria negocia, isso serve de referência para outras. Nós negociamos o reajuste sobre uma inflação que está alta, em dois dígitos, o que é muito difícil, e trouxemos quase 100 cláusulas que não estão na legislação e que trazem garantias para os trabalhadores e que se adequam às necessidades da indústria”, afirma Morreale.
Como exemplo dessas referências, a presidente do Conselho de Relações de Trabalho da Fiemg cita pontos da convenção que trazem mais segurança jurídica para as empresas, que podem optar por manter trabalhadores em regime remoto. Além disso, a convenção traz a possibilidade de divisão de férias em três períodos de dez dias para os trabalhadores da indústria, aprimoramentos que Erika Morreale considera pontos de equilíbrio e flexibilizações que se ajustam à realidade do setor e que são frutos do diálogo entre as partes.
Processo respeitoso
Para o presidente da Federação dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de Minas (Fem-Cut/MG), Marco Antônio de Jesus, o acordo celebrado também representa um processo respeitoso com os trabalhadores das atividades industriais do Estado e traz diversas garantias aos trabalhadores nas cláusulas que compõem o documento final assinado.
“Em nosso entendimento, a negociação foi muito positiva. Além do ajuste da inflação, nós garantimos o valor de R$ 450 para os trabalhadores de empresas que têm dez empregados ou mais e não pagam a Participação nos Lucros Reais (PLR) e a garantia do emprego até o final deste ano para os trabalhadores”, pontua Marco Antônio.
Ainda segundo o presidente da Fem-Cut/MG, o pleito para o reajuste salarial considerava um aumento real de 3% para além da correção sobre a inflação, já que, segundo ele, desde 2016, os trabalhadores garantem apenas a reposição da inflação sobre os salários.
Apesar disso, Marco Antônio elenca conquistas importantes para os empregados do setor. “Nós garantimos que, no período de 18 meses que antecede a aposentadoria de um trabalhador, ele não poderá ser demitido. Ou seja, essa é uma garantia de emprego para ele. Outro ponto importante na convenção é que, neste momento de pandemia, as empresas devem se atentar para questões de saúde e garantir locais para higiene das mãos e o fornecimento de álcool, por exemplo”.
Amplitude da negociação
Segundo dados da Fiemg, a negociação envolve 101.646 metalúrgicos (8,9% de todos os empregados da indústria) de 83 municípios mineiros, de 12.377 empresas, cujo faturamento soma R$ 64 bilhões/ano, o equivalente a 10,1% do PIB de Minas Gerais e 18,3% do faturamento de toda a indústria do Estado.
Faturamento cai pelo 3º mês seguido
O faturamento real da Indústria de Transformação caiu 2% em outubro, em relação a setembro, de acordo com os Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados ontem.
Essa é a terceira queda mensal consecutiva do faturamento real, que acumula retração de 8% neste período. Com isso, o faturamento da indústria recuou ao menor valor desde junho de 2020, quando a economia e o setor produtivo ainda se recuperavam do fechamento das atividades na primeira onda de covid-19. Na comparação com outubro de 2020, o faturamento registra queda de 12,8%.
O emprego na indústria de transformação ficou estável pelo segundo mês seguido, o que indica, segundo a CNI, um esgotamento da recuperação das contratações, iniciada em agosto de 2020.
A massa salarial, soma de todos os salários pagos aos trabalhadores da indústria de transformação, caiu 1,4% em outubro na comparação com setembro, após dois meses de pequenas altas. Com isso, a massa salarial real se encontra no nível mais baixo desde julho de 2020. Na comparação com outubro de 2020, a queda alcança 2,1%
O rendimento médio real recuou 1,2% em outubro, em comparação com setembro, na série livre de efeitos sazonais. Essa é quarta retração seguida no indicador, que registra sucessivas retrações ao longo de 2021. Na comparação do acumulado entre janeiro e outubro de 2020 com igual período de 2020, o rendimento médio real dos trabalhadores da indústria apresenta queda de 2,5%.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu 0,6 ponto percentual em relação a setembro e recuou para 80,8%. Essa é a quarta retração consecutiva. (ABr)